QUEM CALA CONSENTE
O Brasil não será destruído apenas por aqueles que atuam em favor do mal; será também por aqueles que olham, constatam e não fazem nada.
Aqueles que se calam perante uma atitude ou acontecimento, ou mesmo uma pergunta, concorda com ela.
Calar-se e consentir é preceito fixado por bula papal do século 13, que naquele tempo era a expressão máxima da lei. Bulas papais substituíam os usos, costumes e ordenações dos poderosos.
O autor da bula foi o papa Bonifácio III , que esteve no poder da igreja católica entre os anos 1294 e 1303 . Por essas e outras ele desagradou reinados, de sorte que foi sequestrado e morto pelo rei da França Filipe IV, o Belo.
Entre os judeus o Talmud diz que "o silêncio é como a mensagem ", de sorte que pela regra se um homem pede uma mulher em casamento e ela silencia é porque aceitou. O mesmo vale para todas situações, a semelhança dos católicos.
Manter-se calado durante interrogatório é garantido pela nossa Constituição para aqueles que estão na condição de investigado. No entanto, muitos estudiosos criticam esta postura por muitas razões, tanto de ordem juridica, ética e moral.
Não seria ético ou de boa moral calar-se quando o interrogatório se presta a elucidar causas de tantas mortes e apurar-se como evitá-las no futuro. A questão foi principalmente discutida após a segunda guerra, quando os nazistas dificultaram investigações sobre seus crimes de genocídio.
A grande maioria do povo alemão, nazista ou não, calaram-se. Bons cidadãos figiram que nao enxergavam os excessos.
Não é certo omitir-se quando vidas de nossos semelhantes são sacrificadas.
Portanto, nunca pergunte "Por quem os sinos dobram? Porque a pergunta, que é inclusive título de uma obra de Ernest Hemigway, tem como resposta: "os sinos dobram por vós". Explicando: quando alguém morre, os sinos dobram pelo falecido; entretanto, quando um ser humano morre e nós, a humanidade, nos calamos é porque os sinos dobram por nós... que morremos juntos. Inclusive você, sonolento leitor.
Cito um precedente histórico de resultado nessa questão de se calar em face à realidade e sua gravidade. Na Primeira guerra mundial eram aliados a Alemanha e a Áustria. Indagado sobre o desenrolar do conflito Berlim informa "A situação aqui é grave, mas não é catastrófica"; no que Viena respondeu: "aqui a situação é catastrófica, mas não é grave".
As mensagens escondiam a verdade e foi como calar-se negando derrota eminente com palavras vãs.
É diálogo similar que os membros do atual governo mantém entre si.
Para Áustria e Alemanha os resultados (vistos à distância de hoje) foram catastróficos.
O mesmo ocorre agora durante a pandemia no Brasil de hoje.
O ex-ministro Pazuello requereu o direito de calar-se, pois está na condição de investigado.
Moralmente consente.
Triste.
Cruz credo !