A BOLA FUJONA
Pode uma bola de futebol complicar, estragar um dia lindo de passeio num parque? Esta hipótese não passa pela cabeça de quase ninguém em sã consciência. Geralmente ela é o pivô de uma grande diversão. Principalmente quando o dia está bonito e bem ensolarado e as pessoas procurando fugir desta terrível pandemia ao usar suas máscaras e evitando o máximo aglomerações em locais fechados. Então foi mais ou menos num dia assim que uma dona de casa chamou o casal de filhos pequenos - 8 e 11 anos - respectivamente e combinou com o irmão e cunhada, a qual levou até a sua cachorra para passarem um feriado longe das panelas e do fogão.
O folguedo desta família começou e cada um se divertia como podia cada um no seu espaço e estava indo tudo muito bom, tudo muito bem quando, de repente, a bola novinha que encantava o tio e sobrinho resolveu dar uma escapulida. Num chute mais forte de um dos “atletas” eis que a redonda, como se quisesse enganá-los, fingindo ir tomar banho num riacho contíguo, sorrateiramente foi saltitando e descendo a correnteza levemente sem ninguém pudesse fazer nada para interceptá-la, pelo o contrário, só lamentar o fim da brincadeira. O prejuízo não seria tanto comparado à frustração daquele momento. A mãe do garoto chegou até registrar o deslize paulatino daquela bola “fujona” filmando aquela cena pitoresca que foi motivo mesmo de zombaria acompanhada de lamentação. O garoto só lamentava: “E agora, tio?”. Ao que este, neste ínterim, teve uma ideia luminosa: vou acompanhar o trajeto desta bola até onde for possível, não estou fazendo nada mesmo. E assim o fez. Não demorou muito, já quando não avistava mais os familiares, mas de olho grudado na redonda que deslizava como um barquinho sem timoneiro percebeu e se vangloriou quando percebeu surgir uma luz no fim do túnel, ou melhor, um obstáculo que seria a outra margem para onde a bola fujona estava se dirigindo ao sabor do pouco vento que fazia naquele momento. Por sinal, neste local havia outras pessoas, inclusive com crianças que pareciam já cobiçar aquele súbito brinquedo vindo que vinha na sua direção. E antes que alguém realmente ameaçasse pegá-la, eis que o tio do garoto se aproximou do local, por sinal, já apreensivo e um pouco cansado e aguardou aquele brinquedo se aproximar mais do local onde ele se encontrava. Apesar do receio de ser tocado por alguém, sem intenção, o que o jogaria dentro daquele riacho. Então, com a ajuda de algo conseguiu tocar na bola que chegou às suas mãos e, posteriormente, foi para os seus pés e o futebolzinho recomeçou, desta vez com mais cautela. Agora poderiam respirar mais aliviados pelo brinquedo recuperado. E, afinal, chegara a hora do lanche!