Quase um desastre!
Há seis meses ele esteve em minha casa tendo em mãos a "ketubah" que é o contrato de casamento assinado e a vultosa soma em dinheiro para oferecer como dote aos meus pais para se casar comigo.
Já nos conhecíamos, mas a nossa tradição era um impedimento para que nos víssemos com maior frequência. Não fiquei surpresa com a atitude dele, ao contrário, fiquei muito feliz, até porque a vultosa quantia que ele ofereceu como dote representava o quanto ele me valorizava.
Este foi o nosso "kiddushin" e a partir daí iniciamos todos os preparativos para a cerimônia de casamento. Ele voltou para a sua casa e eu comecei a tecer o "talit" para entregar a ele no "nissuin" que é a nossa cerimônia de consagração do casamento.
Tudo foi preparado com muito carinho, grande responsabilidade do meu noivo e com a aprovação das nossas famílias. Todos os itens para a festa, os convites, a comida e a bebida foram adquiridas ou preparadas em quantidade suficiente para os sete dias que se seguiriam após a cerimônia.
Todos estavam alegres e a animação com cânticos e danças já no terceiro dia faziam o clima festivo.
Mas, o que ninguém esperava, aconteceu. Meu noivo foi chamado e o mestre-sala informou que o vinho, símbolo da alegria e da vida no casamento, havia terminado.
E agora? O que fazer? Como poderíamos dispensar os nossos convidados e com que justificativa?
Certamente seria vergonhoso para as nossas famílias se não conseguíssemos contornar a situação. O que diriam as pessoas e a sociedade de Caná, a nossa cidade na Galileia?
Percebi um certo mal-estar entre os convidados, mas uma movimentação de um determinado grupo que viera com Maria, nossa convidada, e os filhos com os amigos que os acompanhavam chamou-me a atenção.
Vi quando Maria chamou o mestre-sala e pediu que ele enchesse as talhas da purificação com água do poço.
Vi quando as seis talhas de pedra foram colocadas no canto da cozinha e foram completamente cheias de água, conforme orientação de Jesus, o filho mais velho de Maria. Ao todo, foram cerca de 240 litros de água.
Mas, será que o mestre-sala iria servir água em lugar de vinho para os convidados? Fiquei desesperada, pois o desastre na festa seria muito maior, caso isto viesse a acontecer.
Perceberam o que eu disse? Meu temor e apreensão era "se isto viesse a acontecer". Quis chamar o meu esposo, o meu pai, a minha mãe, os meus sogros para tentar evitar o desastre maior, mas algo aconteceu de extraordinário e, até hoje o meu coração estremece com profunda gratidão pelo que houve naquele dia.
A festa não acabou ali. Os convidados permaneceram satisfeitos, os cânticos e as danças continuaram até o final dos sete dias e no final, todos foram despedidos em paz e com imensa alegria.
Não sei como aconteceu, mas 240 litros de água haviam sido transformados em 240 litros de vinho da melhor qualidade. Um verdadeiro milagre que evitou fosse a festa do meu casamento considerada um desastre.
Muitas vezes conversei com meu esposo sobre aquele acontecimento e nós dois decidimos que, por causa do nosso amor e da nossa gratidão pelo que Jesus de Nazaré, aquele filho mais velho da nossa amiga Maria fizera no dia mais importante das nossas vidas, jamais deixaríamos de apoiá-lo no seu ministério que começou na minha casa, naquele dia, numa demonstração clara de que Ele se interessa por cada um de nós, nos mínimos detalhes.
Jesus de Nazaré, o mesmo que saiu da nossa casa naquele dia depois de abençoar o nosso lar, iniciou seu ministério e pelos três anos seguintes ensinou as multidões, curou enfermos e levou aos homens o amor de Deus, percorrendo toda a Palestina. Ao final dos três anos, foi considerado malfeitor pelas nossas autoridades e foi crucificado pelos soldados romanos.
No entanto, depois de ter sido sepultado, ressuscitou dos mortos e subiu aos céus provando ser o Filho de Deus e o Salvador, o Messias prometido e anunciado pelos antigos profetas.
Ele retornou à Galileia outras vezes e, em determinada ocasião ele disse:
"Eu vim para que tenham vida; e a tenham em abundância."
Ele fez isso por mim; concedeu-me nova vida a partir da minha compreensão de ser Ele o Filho de Deus, e Ele quer fazer o mesmo com você.
Por que não permitir que Ele faça parte da sua vida?
Por que não buscar conhecê-lo?
Pr. Oniel Prado
Outono de 2021
18/04/2021
BSB/DF