Blindagem ao Bullying
Ainda nem existia a música de Jorge de Altinho - se o povo falar, nem ligue, nem ligue, deixe o povo falar - quando fui estudar na cidade. Sabendo que eu vinha da roça, os colegas quiserem me detratar, chamando-me pejorativamente de matuto, caipira, capiau, tabaréu e tudo que definisse aquele sertanejo do interior. Como o fato de ser da roça em nada me diminuía, principalmente numa época em que a população rural era superior à urbana, orgulhava-me saber que o prato de comida que chegava à mesa do homem da cidade vinha lá do nosso interior. Então, o troco que eu dava era com o silêncio e estudar o suficiente para me sair melhor do que eles nas provas. Assim, cheguei a ouvi de alguns colegas: "esse capiau tá botando pra quebrar.'
Na época nem existia essa história de Bullying e eu nem me senti prejudicado psicologicamente. Também ainda não existia a música Tocando em Frente de Almir Sater e Renato Teixeira, mas foi assim que segui em frente, sem dar ouvidos ao que o povo diz, quando o objetivo é baixar a nossa autoestima.
Por isso, sempre me senti blindado para qualquer tipo de bullying. Sigo a filosofia: "eu sou o que sou e não o que o povo diz"