Saudosas e Indeléveis Recordações
Viagem no tempo:
Estou parado diante dela – olho-a! O seu gingado – ora para a direita, ora para a esquerda – denotava a sua malemolência, o seu, digamos, “sex appeal”, ‘aquele típico algo mais’ que só é encontrado nos trejeitos da brasileira mulher!
Pequenas luzes iluminavam o seu palco e pareciam lhe ditar ordens a serem seguidas naquela sex coreografia. –Remexa mais! – diziam-lhe as luzes! E ela remexia com mais intensidade o seu bumbum, seguindo sorridente – e toda malemolente – à risca, aquela traçada coreografia erótica quase a levar-me ao Nirvana! Ufa!
Viagem ao passado:
E eis que sou torpedeado por aqueles loucos e frenéticos vai e vem que me levaram novamente (Como sempre faço, não?) a embarcar-me nas Asas das Minhas Elucubrações. E elas – as Asas – reportam-me à infância querida. Em lá chegando, desembarco, guardo o meu meio de transporte e me posto ao lado da minha amada Mamãe. Vejo, sinto e denoto o seu visível cansaço.
Sobre um tosco catre estava um amontoado de roupas lavadas e à espera de serem passadas. Da testa de minha mãe, brotava uma enxurrada de suor a escorrer pela sua tensa face. Vejo-a passar o dorso da mão pela tez na tentativa vã de conter – enxugar a Niágara cascata! Desiste e, ato contínuo, pega uma toalha, para alcançar o objetivo almejado.
Vejo-a levar o médio à boca, para ser molhado com a saliva. Assim, ela confere o calor do ferro com o qual passava as roupas. Triste, constata que a temperatura estava muito aquém da desejada. Por um orifício existente na parte traseira do ferro de passar, assopra as cinzas que cobriam as brasas – atiçando-as! O sopro reacende a esperança de Mamãe e as brasas, fazendo o calor ascender à temperatura desejada, para o ferro de passar.
Mamãe, todavia, tem um cuidado especial para que as cinzas, ao serem assopradas – bem como, alguns resquícios das incandescentes brasas – não caíssem nas roupas, queimando-as, ou mesmo, sujando-as. Era uma lide penosa, cansativa. Da mamãe e do seu sacrificado trabalho – apiedo-me!
Tecnologia de ponta:
Lembrei-me de ter visto uma engenhoca construída pelos marceneiros de antanho que, de certa forma, minorava o sacrifício das passadeiras. Era uma peça com forma quadrangular de 15cm², com, aproximadamente, 80cm. de altura, fechada em ambas as extremidades. Na tampa desta caixa, havia um furo por onde era passado um cabo (eixo) redondo. No seu interior, uma peça em madeira com as dimensões exatas do interior, tendo uma pequena folga, para os seus futuros movimentos do vai e vem. Esta peça era afixada ao cabo que a puxava, fazendo o trabalho idêntico ao de uma bomba usada para encher pneus de bicicletas e bolas de futebol.
Esta geringonça tecnológica não enchia pneus nem bolas, mas esvaziava o saco e a paciência das passadeiras no árduo trabalho de avivamento das brasas, para aquecer os ferros de passar roupas, no passar dos pachorrentos dias.
Lamentava o fato de minha mãe não ter, ainda, esta “tecnologia de ponta” ao alcance das mãos. Aquele avanço custava “uma fortuna”, para aquela mãe de minguados recursos. Jeitoso – aliás, como sempre fui – peguei velhas tábuas, serrote, pregos e martelo, para fazer aquela engenhoca que viesse facilitar a vida da mamãe. Consegui o intento e, orgulhoso, dei a mamãe o meu primeiro presente (Um fole assoprador do ferro de passar roupas!) e ganhei o mais gostoso de todos os beijos já recebidos. Sorrindo, agradeci à Mamãe que alegremente sorria pelo presente ganhado. Em muito aquela tosca geringonça facilitaria a sua vida de lavadeira e passadeira das roupas lavadas às margens do Rio Todos os Santos.
Um largo sorriso invade-me o rosto. E fora este sorriso que a mim fez retroceder no tempo – volver à realidade, desvencilhar-me dos meus saudosos sonhos junto à Mamãe!
De volta ao Futuro I:
Volvi do saudoso passado! Agora, já no presente, estou novamente diante dela. O seu incansável sex rebolado – ora para a direita, ora para a esquerda – continuava. Notei, todavia, que algumas lâmpadas haviam se apagado e, ato contínuo, ela, parecendo cansada, (Ouso afirmar: – Não estava! Eram minhas meras elucubrações, frutos, ainda, da viagem encetada pelo túnel do tempo!), foi diminuindo o seu ‘sex rebolado’ e parou.
Ouço-a regurgitar uma enorme quantidade de água suja. Nova quantidade de água é, por ela, ingerida. E, novamente, ela rebola, se sacode, para e regurgita a água que, há pouco, ingerira. Juro que ouço gemidos. Será que ela está torcendo a roupa? Estava sim! E torceu com tanta intensidade que as roupas quase ficaram secas!
Loucura – pensei e quase gritei! E por ser ‘um mineiro da gema’, disse aos meus botões: – “Esse trem tá doido dimais da conta, sô!”
Não! O trem não estava doido demais da conta não. Era a tecnologia que – juro que sim – gostaria de, hoje, poder dá-la à mamãe como um presente pelo Dia das Mães, bem melhor e diferente daquele tosco Assoprado de Ferro que, então, lhe dera e – tenho certeza – receberia outro beijo bem gostoso. Seria uma forma de minorar os tantos sofrimentos pelos quais ela passou, passando e lavando roupas, para o nosso sustento familiar.
Agora, diante desta maravilhosa tecnologia que, brincando, lava, troca a água, enxagua, sacode e torce aquele amontoado de roupas, usando – tão somente diga-se – o seu insinuante rebolado, sabão e produtos outros que deixam as roupas cheirosas e agradáveis para serem usadas, deixam-me estarrecido. Fiquei alucinado com esta máquina louca. Para as senhoras donas de casas (Ou mesmo as lavadeiras profissionais!) o trabalho, antes cansativo – beirando à exaustão – hoje, não mais é!
Lamento – amada Mamãe Ana da Cruz Prates – não ter-lhe, hoje, ao meu lado! Se você aqui estivesse, por certo estaríamos lado a lado para rir, sorrir e ressorrir deste trem doido, uma máquina que – brincando, rebolando, mostrando todo o seu “sex appeal” – lava e seca um amontoado de roupas.
E aquele árduo e cansativo trabalho – que imortalizou a senhora e às tantas e pobres lavadeiras numa lide de sofrimentos – passou a ser um mero divertimento que gostaria de vê-la desfrutar.
Estou parado diante dela – olho-a! O seu gingado – ora para a direita, ora para a esquerda – denotava a sua malemolência, o seu, digamos, “sex appeal”, ‘aquele típico algo mais’ que só é encontrado nos trejeitos da brasileira mulher!
Pequenas luzes iluminavam o seu palco e pareciam lhe ditar ordens a serem seguidas naquela sex coreografia. –Remexa mais! – diziam-lhe as luzes! E ela remexia com mais intensidade o seu bumbum, seguindo sorridente – e toda malemolente – à risca, aquela traçada coreografia erótica quase a levar-me ao Nirvana! Ufa!
Viagem ao passado:
E eis que sou torpedeado por aqueles loucos e frenéticos vai e vem que me levaram novamente (Como sempre faço, não?) a embarcar-me nas Asas das Minhas Elucubrações. E elas – as Asas – reportam-me à infância querida. Em lá chegando, desembarco, guardo o meu meio de transporte e me posto ao lado da minha amada Mamãe. Vejo, sinto e denoto o seu visível cansaço.
Sobre um tosco catre estava um amontoado de roupas lavadas e à espera de serem passadas. Da testa de minha mãe, brotava uma enxurrada de suor a escorrer pela sua tensa face. Vejo-a passar o dorso da mão pela tez na tentativa vã de conter – enxugar a Niágara cascata! Desiste e, ato contínuo, pega uma toalha, para alcançar o objetivo almejado.
Vejo-a levar o médio à boca, para ser molhado com a saliva. Assim, ela confere o calor do ferro com o qual passava as roupas. Triste, constata que a temperatura estava muito aquém da desejada. Por um orifício existente na parte traseira do ferro de passar, assopra as cinzas que cobriam as brasas – atiçando-as! O sopro reacende a esperança de Mamãe e as brasas, fazendo o calor ascender à temperatura desejada, para o ferro de passar.
Mamãe, todavia, tem um cuidado especial para que as cinzas, ao serem assopradas – bem como, alguns resquícios das incandescentes brasas – não caíssem nas roupas, queimando-as, ou mesmo, sujando-as. Era uma lide penosa, cansativa. Da mamãe e do seu sacrificado trabalho – apiedo-me!
Tecnologia de ponta:
Lembrei-me de ter visto uma engenhoca construída pelos marceneiros de antanho que, de certa forma, minorava o sacrifício das passadeiras. Era uma peça com forma quadrangular de 15cm², com, aproximadamente, 80cm. de altura, fechada em ambas as extremidades. Na tampa desta caixa, havia um furo por onde era passado um cabo (eixo) redondo. No seu interior, uma peça em madeira com as dimensões exatas do interior, tendo uma pequena folga, para os seus futuros movimentos do vai e vem. Esta peça era afixada ao cabo que a puxava, fazendo o trabalho idêntico ao de uma bomba usada para encher pneus de bicicletas e bolas de futebol.
Esta geringonça tecnológica não enchia pneus nem bolas, mas esvaziava o saco e a paciência das passadeiras no árduo trabalho de avivamento das brasas, para aquecer os ferros de passar roupas, no passar dos pachorrentos dias.
Lamentava o fato de minha mãe não ter, ainda, esta “tecnologia de ponta” ao alcance das mãos. Aquele avanço custava “uma fortuna”, para aquela mãe de minguados recursos. Jeitoso – aliás, como sempre fui – peguei velhas tábuas, serrote, pregos e martelo, para fazer aquela engenhoca que viesse facilitar a vida da mamãe. Consegui o intento e, orgulhoso, dei a mamãe o meu primeiro presente (Um fole assoprador do ferro de passar roupas!) e ganhei o mais gostoso de todos os beijos já recebidos. Sorrindo, agradeci à Mamãe que alegremente sorria pelo presente ganhado. Em muito aquela tosca geringonça facilitaria a sua vida de lavadeira e passadeira das roupas lavadas às margens do Rio Todos os Santos.
Um largo sorriso invade-me o rosto. E fora este sorriso que a mim fez retroceder no tempo – volver à realidade, desvencilhar-me dos meus saudosos sonhos junto à Mamãe!
De volta ao Futuro I:
Volvi do saudoso passado! Agora, já no presente, estou novamente diante dela. O seu incansável sex rebolado – ora para a direita, ora para a esquerda – continuava. Notei, todavia, que algumas lâmpadas haviam se apagado e, ato contínuo, ela, parecendo cansada, (Ouso afirmar: – Não estava! Eram minhas meras elucubrações, frutos, ainda, da viagem encetada pelo túnel do tempo!), foi diminuindo o seu ‘sex rebolado’ e parou.
Ouço-a regurgitar uma enorme quantidade de água suja. Nova quantidade de água é, por ela, ingerida. E, novamente, ela rebola, se sacode, para e regurgita a água que, há pouco, ingerira. Juro que ouço gemidos. Será que ela está torcendo a roupa? Estava sim! E torceu com tanta intensidade que as roupas quase ficaram secas!
Loucura – pensei e quase gritei! E por ser ‘um mineiro da gema’, disse aos meus botões: – “Esse trem tá doido dimais da conta, sô!”
Não! O trem não estava doido demais da conta não. Era a tecnologia que – juro que sim – gostaria de, hoje, poder dá-la à mamãe como um presente pelo Dia das Mães, bem melhor e diferente daquele tosco Assoprado de Ferro que, então, lhe dera e – tenho certeza – receberia outro beijo bem gostoso. Seria uma forma de minorar os tantos sofrimentos pelos quais ela passou, passando e lavando roupas, para o nosso sustento familiar.
Agora, diante desta maravilhosa tecnologia que, brincando, lava, troca a água, enxagua, sacode e torce aquele amontoado de roupas, usando – tão somente diga-se – o seu insinuante rebolado, sabão e produtos outros que deixam as roupas cheirosas e agradáveis para serem usadas, deixam-me estarrecido. Fiquei alucinado com esta máquina louca. Para as senhoras donas de casas (Ou mesmo as lavadeiras profissionais!) o trabalho, antes cansativo – beirando à exaustão – hoje, não mais é!
Lamento – amada Mamãe Ana da Cruz Prates – não ter-lhe, hoje, ao meu lado! Se você aqui estivesse, por certo estaríamos lado a lado para rir, sorrir e ressorrir deste trem doido, uma máquina que – brincando, rebolando, mostrando todo o seu “sex appeal” – lava e seca um amontoado de roupas.
E aquele árduo e cansativo trabalho – que imortalizou a senhora e às tantas e pobres lavadeiras numa lide de sofrimentos – passou a ser um mero divertimento que gostaria de vê-la desfrutar.
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Imagem: Google
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