Como vida de gente é complicada!
Como vida de gente é complicada!
Estou reescrevendo, é o que idoso faz, uma crônica antiga (Ah! A vida humana... reflexões de finados!), motivado pelos acontecimentos de ontem na fazenda e o apelo de uns amigos envoltos num sofrimento familiar.
Na crônica antiga insinuei que o fim do processo vivencial dos animais ditos inferiores é simples: o elefante, chegada a hora, abandona a manada e transcende serenamente em algum recanto paradisíaco!
Com o animal superior, gente, é mais complicado!
O animal superior, gente, ao aproximar da velhice, continua a não lidar com o limite da existência biológica, nem conciliar a dúvida da existência espiritual plena.
Foi o que disse ontem para o peão: Vocês são jovens, com saúde, se um meter o pé na bunda do outro, não tem problema, cada qual vai cuidar da própria vida. Você toma umas pingas, jura beber formicida tatu, cambaleia e... uma alma o ampara, consola, e nova aventura rejuvenesce a vida!
Agora meu amigo da crônica antiga é diferente: um derrame não fulminante; uma dependência motora; uma companheira, no seu dizer, volta e meia, na transição da lua cheia para minguante, fica tresloucada, na última, tomou banho frio com roupa e tudo, depois se despiu e saiu pela rua, não como Deus a pôs no mundo, mas com uma peça do mundo, a calcinha, e foi parar na rodovia.
Aí fica muito complicado, para qualquer dos dois, meter o pé na bunda um do outro!
Moral da crônica: no mundo dos animais superiores, gente, terminar uma relação afetiva ou de interesse, melhor que seja quando as partes estejam relativamente saudáveis... ou não se ter medo do inferno!
Como vida de gente é complicada!