Ele me pegou
Testei positivo para o coronavírus dia 23 de abril, por um teste de antígeno nasal realizado na farmácia. Aquele fraco risco me dizendo que ele (covid) me pegou.
No dia anterior, quando fui estagiar, já infectada pelo vírus, recebi a notícia que uma das veterinárias tinha testado positivo e que todos deveríamos fazer teste. Entrei em pânico, estava com tosse seca e nada produtiva, foi ali que tive certeza que ele (covid) me pegou.
Fui pra casa, com auxílio do meu companheiro, pois eu não conseguia parar de chorar, tremer e pensar as piores coisas. Pensava: eu sou diabética, minha glicose vive descontrolada... tive medo de morrer, esse medo me paralisou. Meu companheiro dirigindo até minha casa e só sabia esbravejar por conta da tal veterinária que testou positivo, e eu estava ali, inerte, com medo, porque ele (covid) me pegou.
No dia seguinte (dia do positivo), não comi, não tinha fome. Fui ao hospital colher um exame para confirmar, o tal do PCR, vi a tragédia de um hospital super ocupado por pacientes de todos os níveis de gravidade. Ouvi os doentes confirmados tossindo, a tosse era igual a minha, um futuro clínico sabe distinguir os sons. Passei o dia inteiro sem conseguir sentir nada, além da certeza que ele (covid) me pegou.
Os sintomas pioraram no final de semana, tosse, dor de garganta, tontura, falta de apetite e cansaço. Recebi muitas mensagens de familiares e amigos, todos desejando que o teste confirmatório (PCR) desse negativo, mas eu tinha certeza que ele (covid) tinha me pegado.
Segunda-feira veio o resultado, era covid mesmo. Fui orientado a deixar minhas atividades de estágio por quinze dias, assim o faço. Ele (covid) me pegou e tive medo de não conseguir vencê-lo.
Os dias, tão monótonos, foram passando e fui melhorando. As forças divinas me separaram um vírus fraco ou reforçaram meu ser para aguentá-lo. Ele (covid) me pegou e, até então, estou conseguindo vencê-lo...