Palavras Cruzadas

Palavras cruzadas. Eu insisto em fazer ainda, e em revistas de papel.

Comecei com essa mania aos poucos. Criança, eu gostava de encontrar as sete diferenças entre duas imagens. Antes de entender o que significavam aquelas letras todas dos outros passatempos, eu pintava tudo. No melhor estilo ¨baguncista¨ mesmo.

Lá pelo ginasial voltei aos best-sellers das palavras cruzadas. Revistas da Coquetel, formato de bolso. Acho que Ouro e Prata já eram os títulos. Nível médio, porque o fácil era para crianças, é claro. Ou é óbvio, como eu outrora aprendi. (Sempre quis escrever outrora e óbvio, assim na mesma frase…)

Mas também tinha o criptograma. Simbolos no lugar de letras e definições bem difíceis, tudo para achar uma expressão qualquer. Não adiantava decorar os símbolos porque eles trocavam de edição para edição. Eu me sentia um daqueles caras que ficavam decodificando mensagens inimigas numa suposta segunda guerra mundial.

Ok, tínhamos outros afazeres também. Mas quem vai acreditar que os skates da epoca eram pedaços ovais de madeira compensada e reta ? Os shapes permitiam ir do ponto A ao ponto B e só. Os rolamentos demoravam mais do que um transatlântico para fazer curvas. Minha vida por um skate da Torlay, naquele tempo …

Bicicletas eram populares também, mas eram um presente de natal, especial. Caloi ou Monark, nada de marchas, nada de titânio. O máximo era ter uma Monark dobrável que cabia na traseira de uma Brasília.

Bolas oficiais de futebol só víamos pela televisão mesmo. Quando muito, alguém tinha uma bola de capotão número 5, sendo que uma número 4 também era aceitável.

De tudo isso, parece-me que só as revistas de palavras cruzadas resistiram. Melhoraram muito porque hoje há vários tipos de cruzadas e eu só faço a Letrão Difícil.

Letrão porque sou da turma do óculos multifocal, e difícil porque é óbvio: Não sou mais o ginasial de outrora ...