Do Alambique da Fazenda do Cruzeiro dos Pintos à Adaptação ao Comércio no Espaço Urbano
Batida na porta após às 19 horas incomum para a casa que adormecia após o horário da ave-maria. Somente a irmã ainda solteira se aventurava às escondidas da avó abrir o móvel onde ficava a radiola e ouvir pesados LPs. Ou o rádio à válvula posto sobre o mesmo móvel e que projetava sombras na parede atrás. Ou fazia exalar cheiros que vinham de dentro do aparelho que conectava a casa ao mundo externo. Os demais dormiam como a avó e a mãe ou a “empregada negra” (?) que pajeava o menino resistente ao sono e guardava, vigiava, a moça . A negra cismada se alertou com as batidas: Quem seria à porta? O “homem da casa” estava viajando com seu caminhão e os rapazes já adormeceram para levantar cedo para trabalhar na padaria do tio ou na oficina do cunhado. As batidas fez atenderem os apelos.
- Ô de casa! É o Toninho do Juquinha!
Esta era a senha. Porta aberta e ouvidos atentos para as narrativas com temperos mineiros. Depois de sabido dos parentes ele apresentou os produtos que fora buscar para a revenda. A Tia Fia, mãe do narrador, como era vocacionada pelos sobrinhos, os filhos do Juquinha, ficara com dois cobertores de lã: o azul e o rosa. Na casa em que as cobertas eram colchas de retalhos que passaram pela tecedeira de retalhos, próprias do artesanato mineiro, aqueles cobertores eram artigo de luxo. Depois de tudo massagem nas memórias: as lousas de pedra que cada um levava para a escola da Neuza da Fazenda da Aurora, os casos de assombração, a onça que apareceu no galho sobre o caminho em que as crianças passavam para ir para a escola... Enquanto isto a Odila reparava as camas para acomodar o Tonhinho que chegara para se hospedar na casa da Avó Augusta e da Tia Fia do Velão.
Ainda posso sentir o calor do fogão a lenha que havia naquela cozinha mesmo morando na cidade do interior de Minas Gerais. Memória.
Passados alguns anos a Tia Fia do Velão e Avó Augusta mudaram para outra casa defronte à escola e o Toninho do Juquinha mudara para a cidade. A família fora visitar os primos que chegaram. Era a época da novela “Selva de Pedra”. E lá havia o disco da trilha da novela. Os adultos se envolviam nas narrativas enquanto o adolescente se perdia na música tema que era “Roquerol lolobai”. Que inglês o quê?! Temos o minerês! Era uma delícia cantar o sucesso assim.
Se na casa de baixo, próxima ao Ti’Nico, os primos traziam pinga para ali armazenada ser revendida para os bares ao derredor, na casa de cima próximo à escola, o Toninho trazia banana para revender para a vizinhança. Logo ele estaria mudando para este bairro que parecia mais promissor do que aquele que ficava para os lados da rodoviária próximos ao Ti’ Nhô.
Cinco décadas passaram até que no país chegou também a nova pandemia. Avisos de como se proteger do vírus foram anunciados nos meios de comunicação. Infelizmente o Brasil se vê envolvido em um governo militaresco novamente.
Se na década de 70 os militares esconderam a epidemia da meningite para dar sensação de êxito ao governo autoritário, agora a pandemia é amenizada e ofertado ao povo tratamento precoce. Naquela um primo teve o filho atingido pela meningite. Nesta o primo Toninho do Juquinha fora atingido tendo falecido recentemente.
Fica a lição para a família e o país: “Jamais acredite em contos de farda!” Mensagem que se destacou nas redes sociais. Se os militares entendem de guerra e seus quartéis, professores de Educação, quem entende de saúde, saúde pública, saúde do povo são os profissionais de saúde.
Ao primo Toninho do Juquinha e sua companheira, a Maria, nossa memória para eternizá-los.
Que a História revele e não deixe cair em esquecimento quem foi o quê neste jogo de vida e morte, de amor e ódio, de Ciência e obscurantismo.
CARTAS AO TEMPO:
"Aquela vontade de registrar os medos e os fantasmas para assassiná-los..."AJZENBERG, Bernardo.
Escrevendo CARTAS faço da narrativa familiar a minha LITERATURA contando HISTÓRIA ORAL dos tempos de meus pais.
Clique nos links para ler TODAS as CARTAS:Batida na porta após às 19 horas incomum para a casa que adormecia após o horário da ave-maria. Somente a irmã ainda solteira se aventurava às escondidas da avó abrir o móvel onde ficava a radiola e ouvir pesados LPs. Ou o rádio à válvula posto sobre o mesmo móvel e que projetava sombras na parede atrás. Ou fazia exalar cheiros que vinham de dentro do aparelho que conectava a casa ao mundo externo. Os demais dormiam como a avó e a mãe ou a “empregada negra” (?) que pajeava o menino resistente ao sono e guardava, vigiava, a moça . A negra cismada se alertou com as batidas: Quem seria à porta? O “homem da casa” estava viajando com seu caminhão e os rapazes já adormeceram para levantar cedo para trabalhar na padaria do tio ou na oficina do cunhado. As batidas fez atenderem os apelos.
- Ô de casa! É o Toninho do Juquinha!
Esta era a senha. Porta aberta e ouvidos atentos para as narrativas com temperos mineiros. Depois de sabido dos parentes ele apresentou os produtos que fora buscar para a revenda. A Tia Fia, mãe do narrador, como era vocacionada pelos sobrinhos, os filhos do Juquinha, ficara com dois cobertores de lã: o azul e o rosa. Na casa em que as cobertas eram colchas de retalhos que passaram pela tecedeira de retalhos, próprias do artesanato mineiro, aqueles cobertores eram artigo de luxo. Depois de tudo massagem nas memórias: as lousas de pedra que cada um levava para a escola da Neuza da Fazenda da Aurora, os casos de assombração, a onça que apareceu no galho sobre o caminho em que as crianças passavam para ir para a escola... Enquanto isto a Odila reparava as camas para acomodar o Tonhinho que chegara para se hospedar na casa da Avó Augusta e da Tia Fia do Velão.
Ainda posso sentir o calor do fogão a lenha que havia naquela cozinha mesmo morando na cidade do interior de Minas Gerais. Memória.
Passados alguns anos a Tia Fia do Velão e Avó Augusta mudaram para outra casa defronte à escola e o Toninho do Juquinha mudara para a cidade. A família fora visitar os primos que chegaram. Era a época da novela “Selva de Pedra”. E lá havia o disco da trilha da novela. Os adultos se envolviam nas narrativas enquanto o adolescente se perdia na música tema que era “Roquerol lolobai”. Que inglês o quê?! Temos o minerês! Era uma delícia cantar o sucesso assim.
Se na casa de baixo, próxima ao Ti’Nico, os primos traziam pinga para ali armazenada ser revendida para os bares ao derredor, na casa de cima próximo à escola, o Toninho trazia banana para revender para a vizinhança. Logo ele estaria mudando para este bairro que parecia mais promissor do que aquele que ficava para os lados da rodoviária próximos ao Ti’ Nhô.
Cinco décadas passaram até que no país chegou também a nova pandemia. Avisos de como se proteger do vírus foram anunciados nos meios de comunicação. Infelizmente o Brasil se vê envolvido em um governo militaresco novamente.
Se na década de 70 os militares esconderam a epidemia da meningite para dar sensação de êxito ao governo autoritário, agora a pandemia é amenizada e ofertado ao povo tratamento precoce. Naquela um primo teve o filho atingido pela meningite. Nesta o primo Toninho do Juquinha fora atingido tendo falecido recentemente.
Fica a lição para a família e o país: “Jamais acredite em contos de farda!” Mensagem que se destacou nas redes sociais. Se os militares entendem de guerra e seus quartéis, professores de Educação, quem entende de saúde, saúde pública, saúde do povo são os profissionais de saúde.
Ao primo Toninho do Juquinha e sua companheira, a Maria, nossa memória para eternizá-los.
Que a História revele e não deixe cair em esquecimento quem foi o quê neste jogo de vida e morte, de amor e ódio, de Ciência e obscurantismo.
CARTAS AO TEMPO:
"Aquela vontade de registrar os medos e os fantasmas para assassiná-los..."AJZENBERG, Bernardo.
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Leonardo Lisbôa, 02/05/2021
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de 19 de Fevereiro de 1998.
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