Benedita

Hoje é natal... casa de pobre onde não houver churrasco durante a comemoração natalícia, fica triste, o vermelho e dourado da lugar ao cinza, a farofa minguada e o arroz branco perdem o sabor, tudo se torna fraco assim como a disposição dos moradores. Ao passo que descia a ladeira pensando, Benedita imaginava como seria o almoço de domingo, deixou escapar um breve suspiro acompanhado de um pensamento em voz alta:

_ Poxa vida, esse natal tinha que cair justo no domingo!

Famintas as crianças esperavam sedentas o final de semana no qual o tradicional arroz com feijão cederia espaço à um bom e belo pedaço de carne gorduroso. Em dias como esse, a linguiça de porco rosada quase chamuscada esquecida pelos adultos na churrasqueira, simbolizava o grande troféu. Garfadas pra cá, beliscões e tapas pra lá, disputavam para ver com quem o último pedaço de toscana iria ficar.

Em meio as seções subdividas entre o açúcar, o feijão e óleo, com o auxílio de uma calculadora, Benedita contava o parco dinheiro fruto de suas faxinas semanais. Após o cálculo matemático, parou olhou o carrinho, andou em direção as prateleiras da frente, abaixou-se e escolheu um pacote de macarrão do mais barato e seguiu em direção ao caixa.

Subindo a rua da Alvorada refletiu:

_ Já sei! Digo que hoje é semana santa e pronto, falei tá falado, melhor assim...

Aicha
Enviado por Aicha em 28/04/2021
Reeditado em 28/04/2021
Código do texto: T7243545
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