O ALCANCE DO SONHO.

O sonho não está disponível em amplitude como muitos pensam.

Sonhar não significa fazer a ponte do impossível. Só há sonho onde se perpassa pelo alcance dos sentidos, e só eles podem traçar a realidade do sonho. Não é um paradoxo! Sonhar é realidade.

Assim não fora estaríamos fronteiriços. Pensar no sonho como concretude é esvaziar o passeio mágico. Para ele não figurar na mitologia que involui sem criar sentido, deve estar sob a visão que entende e vê. Esse voo tem asas, não desaba em precipício doentio sem balizas, antes define linhas que se percorre; sagradas e sadias.

Não está em coisas comuns da natureza, na floração inusitada, que surge no milagre da vida multiplicado de forma diversa, em lugares míticos. O sonho inverte a realidade na proporção sentida. É sentido e sentimento, aguça e foge, aproxima e recua, é posse e desapossa, colheita e semeadura, vida e morte.

Sonhar é perceber a realidade sem ferir o objeto na vontade que compromete o espírito e espanca a verdade. É como tentar compreender e chegar ao alto do Monte. Tudo e nada.

O tudo leva à altura inebriante do encontro perseguido. Conforta, ilumina ampliando, limpa asperezas a pedir oxigenação expandida, de tudo desapegando.

Procissão da desertificação visível, séquito das nulidades pujante, multidão apagada e cega, muda aos apelos do veio dourado, indiferente às grandes razões onde viceja, brota e cresce a cerebracão que encanta e pacifica, toda uma gama de gente, esquecida da paz construída, por muitos sofrida, por vezes voluntariosa, temerosa, mas nunca desavinda, súplice de maior espectro, rasgando horizontes de cores incomuns, poente da vida vivida no prodígio de ser para existir sem forma, incorporeamente, metafisicamente ainda em corpo.