À frente! Avante!!!
À frente! Avante!!!
Primeiro, era o verbo correr...e assim vivíamos... mil compromissos, agenda sem espaço, respirar sem pausa, olhar sem ver. E de certa forma, isso nos apresentava mais ou menos importantes na sociedade, como se, quanto mais corrêssemos mais especiais fossemos. Reclamávamos sim! Fazia parte do pacote...reclamar e continuar. A maioria de nós precisava disso para viver, como parte do nosso contexto entender VIDA. Alguns não tinham opção, outros escolhiam mais e mais compromissos, e uma minoria tinha o bastante para viver saudavelmente. Nem demais que o sufocasse, nem de menos que tornasse a vida insípida. Sim, esse é um parâmetro individual. Não pode ser generalizado. Quando muito, podemos avaliar pelo tanto de alegria que a pessoa tem nas pequenas coisas da vida, nas “insignificâncias ... Mas enfim, assim íamos, aos trancos e barrancos, insatisfeitos numa agitação louca que parecia nos levar direto a lugar nenhum.
De repente, ficamos com tempo. Muito tempo! A pandemia chegou e com ela, portas fechadas e agendas abertas. Poderíamos acreditar, muita gente acreditou, que nesse pormenor (compromissos) era perfeito! Finalmente iríamos parar, apreciar o entorno e olhar para dentro de nós mesmos. Ledo engano. Não funcionou! Num primeiro momento ficamos tão incrédulos com tudo que simplesmente paramos, sem relaxar de fato. Durou pouco. Gradualmente, mas não de forma lenta, o medo começou a nos dominar. O que antes parecia loucura, agora nos fazia falta. O que antes parecia demais, agora só mostrava o vazio em que o dia a dia se tornara. Mas com isso, claro, poderíamos conviver. Sempre seria possível usar a criatividade e preencher horas, dias, semanas, meses...talvez anos. O que pegou pesado foi a falta de uma perspectiva, a ideia de finitude tão clara quanto próxima, o não saber se algum plano poderia ser feito. Tudo sem data, tudo aberto a especulação ... vamos viajar (quando isso acabar), vamos casar (quando a pandemia passar), vamos nos encontrar (quando for possível) e vivemos assim ... suspensos num limbo, seguros pelo medo.
Era necessária uma parada? Precisávamos repensar valores, conceitos? Sim, creio que sim. Mas a pergunta que se insinua é: esse stop obrigatório atingiu algum objetivo maior? Nos tornamos em algum grau melhores? Mais felizes? Humanos? Perguntas que o tempo responderá... Aparentemente só conseguimos amealhar mais monstros aos já existentes, tanto no plano físico quanto no mental! E sobrecarregados deles, tentamos seguir...Até tudo isso passar! Porque vai passar, tudo passará, nós passaremos! Então ... À frente! Avante!