A geração que está virando um retrato na parede.

Outro dia olhei aqui um quadro com crianças se despedindo dos avós, e me deu uma nostalgia, ao imaginar que essas pessoas estão partindo.
A imagem emblemática de crianças acenando, em uma evidente melancólica despedida me remeteu as lembranças de um tempo que me provoca instigando a sentir uma enorme falta dos dias em que reuníamos em uma mesa grande, sem os tecnológicos celulares, apenas para contar casos, e rir de forma espontânea de coisas simples, tomando um café moído e coado na hora. Sim, está indo embora uma geração de pessoas que gostavam de receber visitas, e que nos aniversários um abraço e uma "lembrancinha" por mais simples que fosse era indispensável. Hoje, mesmo sem desmerecer as redes sociais, já ouvi alguém dizer :
- Que bom ter esse face, eu uso ele mais para isso, dar os parabéns no dia dos aniversários.
Apenas pensei, que pena, pois antes as pessoas queriam se falar com muito mais constância.
Agora ainda acrescido desse momento da pandemia, isso infelizmente pode se tornar rotina.
Muito se pergunta o que virá depois, mas não canso de lamentar a ausência daquele amigo que faz parte da estória dos melhores momentos da vida. Aqueles momentos que fazem a vida muito melhor e divertida.
O que essas pessoa que estão partindo deixam de legado para as novas gerações?
O que um momento único na História da humanidade deixa de lição para os que , com a graça de Deus, permanecem em suas jornadas por esse mundo?
Apesar de não tanta religiosidade, acredito sim em um ser superior, e por isso não esqueço de fazer como lema a palavra GRATIDÃO, em letras maiúsculas, para realçar o significado da importância de cada dia vivido.
Existe a esperança que tantos acontecimentos desagradáveis e penosos, que rotulo dos mais doloroso, a perda de pessoas com ênfase nessa geração que está partindo, de que possa ficar dentro de cada um alguma lição de empatia, que muitos dizem "regra de ouro", mas que alguns escritores dizem que a verdadeira regra de ouro é, que não fazer o mal a ninguém,é muito mais relevante do que fazer o bem.
Carlos Drummond de Andrade sobre o retrato na parede, dizendo sobre a cidade natal, que muito doía pelas lembranças de um belo tempo.
Hoje ao olhar o desenho daquelas crianças com as mãos abanando para os avós, me fez fazer inúmeras reflexões, além da certeza que todos, independente da idade, irão deixar um vazio de saudade, mas que também as lágrimas causadas por essa dor, sirvam para de alguma forma "adubar" a nossa sofrida terra, servindo para que cresçam das "sementes" das novas gerações pessoas melhores.
"Nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos conscientes possa mudar o mundo", a única via que consegue produzir mudanças até hoje, como escreveu Margaret Mead.
Que assim seja, com todos nós que temos exemplos a seguir. Amém.
Existe a máxima que diz, embora para aqueles que fazem ou um dia nesse planeta terra fizeram parte de nossas vidas, seja difícil de concordar:NINGUÉM É INSUBSTITUÍVEL, mas meu pai que não possuía nenhum diploma universitário mas tinha uma experiencia de vida de um profundo respeito a todo ser humano, fazia questão de dizer, toda vez que se referia a alguém que partia.
-Meu filho, NINGUÉM É INSUBSTITUÍVEL, MAS EXISTEM PESSOAS QUE SÃO INESQUECÍVEIS.
Depois que me tornei adulto, e de muitas despedidas, inclusive a do meu pai, pude entender o que ele quis dizer com isto.
Ele tinha toda razão.