RETORNO À CASA DO PAI
 
     A vida é cheia de perdas e ganhos. Sempre estaremos diante do fiel desta balança em nosso caminho vital. Quase sempre as coisas materiais são passíveis de serem recuperadas ou conquistadas novamente, porque podemos através de um esforço pessoal e ou coletivo reconquistar na medida do possível. Mas existem outras coisas que nos fogem a esta capacidade, digamos, além do material. Talvez as coisas mais caras que nos possam ser. Coisas que nos deixam lacunas. Lacunas são espaços vazios, nunca preenchidos com a mesma coisa. Elas terminam nos acompanhando sutilmente para toda a vida à partir daquele momento que se estabelece dentro de nós em diante. Assim são nossos entes queridos, aqueles que escolhemos para chamar de nossos por escolha de nosso coração!
     Vivemos tempos de perdas. Difíceis de aceitar na maioria das vezes! Perdas de muitas coisas materiais, econômicas e de pessoas que não voltarão mais ao nosso convívio diário (estas são perdas cruéis). São tempos obscuros, regido por forças pesadas e tenebrosas num plano além de nossa compreensão. Uma luta entre a luz e a escuridão. Tempo de sofrimento, lágrimas, dor e perplexidade. Quem não perdeu alguém nesses tempos? Hoje pedi forças ao Senhor para escrever estas poucas linhas neste domingo. Apesar do sol nascente banhando as folhas verdes lá fora e os pássaros cantando, um domingo com matiz cinza em sua essência para minhas letras. Há três dias perdi um assíduo e querido leitor dos meus domingos, um impulsionador do meu fazer literário. Alguém que aprendeu a gostar das manhãs dominicais pelo prazer de ler-me bem cedo. Na verdade perdi um grande amigo e irmão de longas datas, perdi o véi Assis, assim chamado carinhosamente pelos mais intimos nestes 39 anos de amizade.
     Não tem como recuperar esta perda. Ela não é material, ela é afetiva e existencial em sua profundidade. Além da dor da saudade e da ausência deixado entre nós companheiros, familiares e amigos, uma lacuna de amizade maravilhosa que atravessou todo esse tempo, sempre ornada pelo sorriso e o humor que costumava trazer no rosto. A certeza de nossa partida para a Pátria Espiritual é uma certeza absoluta e incontestável. Alguns partem em silêncio, outros de forma desesperada mas, todos atenderemos ao chamado do Pai. Aos que  aguardam sua vez fica a dor da perda, remoendo o tempo passado, vivido, destilando lembranças, amadurecendo o sentimento da ausência em boas recordações. É assim que ficaremos por enquanto. Hoje meu amigo Assis não irá ler minha crônica, mas será pra ele meus escritos assim como foi minha primeira oração desta manhã. Esta manhã de domingo tão cheia de saudades, de esperanças, uma manhã em que renovo minha fé e esperança no Senhor, pois Ele é meu Pastor e nada me faltará, mesmo que eu ande pelo vale da morte. Meu velho amigo Assis, que você possa estar em um bom lugar, pois você foi um bom homem, um filho de Deus, um bom ser humano em suas atitudes e forma simples de viver e conviver conosco. Nunca mediu esforços para ajudar um amigo. Mais do que uma perda para todos nós, um ganho para os Céus! Que os anjos digam amém não pela sua prematura partida, mas, pela sua chegada em seu tempo de volta à casa do Pai. Paz e luz pra você.
Ricardo Mascarenhas
Enviado por Ricardo Mascarenhas em 25/04/2021
Reeditado em 28/04/2021
Código do texto: T7240685
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