Sem sobremesa - BVIW
A vida estava amarelada como as folhas das árvores no outono, e a temperatura corporal caiu assim, de repente. Uma onda de calor, frio, tudo ao mesmo tempo. Sol e chuva impactavam diretamente nas decisões do casal. Ele sonhava com uma mulher forno e fogão, banheiro, pia e pano de chão. Comida na mesa, toalha na mão, e que de quebra trocasse o botijão. Não era bem uma Amélia, pois tinha que estar linda e loira para os amigos. Ela olhava pela janela do quarto enquanto a chuva caia, imaginando uma second life. Feito barata tonta botava casaco, tirava casaco, pegava sombrinha, e o protetor não podia faltar, independente do clima. Aproveitou a estação da calmaria para programar uma noite romântica à luz de vela, velas aromáticas, poucas roupas e pele convidativa. Para animar a festa, colocou uma música lenta, tomou banho de J”adore Dior e esperou seu príncipe chato. – Que cheiro forte é esse? Apaga as velas que a luz voltou! Tá com frio não? Que música melosa, vou colocar no jogo do Bahia. Fez o que pra jantar? Estou urrando de fome. A sobremesa foi hibernar, e o lanchinho da madrugada era um fast-food fora do cardápio, mas a cerveja estava garantida.