A ARTE DE  TRANSFORMAR-SE EM PRIMAVERA

Uma das coisas que mais gosto por morar nos EUA são as estacões do ano, bem definidas. Parece que dormimos no inverno, e, no dia seguinte, acordamos com os passarinhos cantando na janela - é Primavera! No dia anterior tudo cinza, no dia seguinte as folhas das árvores brotando, a grama ficando verde. Dá até impressão que Deus trabalhou a noite em suas aulas de pintura.

Um dia, sentada num banco de jardim, fiquei a olhar as árvores com aquelas cores divinas, quando, lá do alto, caiu uma folha. Acompanhei com os olhos a sua trajetória, dançando no ar, ao sabor do vento, subindo e descendo, até que, lentamente, fez sua dança final ao solo. De repente, vi-me com esse bailado, comparando a queda daquela folha com a fragilidade da vida.

As folhas definham-se mostrando suas cores amareladas, já não possuem mais seiva ou viço e estão prontas para morrer oferecendo-nos o maior espetáculo de cores da face da terra: Outono.

Em um pleno antônimo - em algumas situações dolorosas da vida, morremos por dentro - a diferença é que a beleza de nossa alma vem depois dessa transformação, quando nos tornamos Primavera, florescendo mais fortes para a vida.



Tema: Devaneios do Outono
 
Mary Fioratti
Enviado por Mary Fioratti em 20/04/2021
Reeditado em 14/07/2021
Código do texto: T7236795
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