MINANDO O AMOR

Evaldo da Veiga

Como dizem por ai: muitas vezes, 
vale mais a versão do que o fato.
Foi um flerte, mais ou menos isso, foram “ficantes”?...
O que se vê é que nem parece que foi um namoro,
um belo e duradouro encontro.

Um distanciamento estava ocorrendo, 
o gostinho que tanto animava,
que fazia o dia do encontro um encanto, 
esmaecia-se por conta de atritos.
Estava sendo cavando um abismo entre os dois.
Ela achava que tinha sido um casamento, 
bela união independentemente da chancela civil. 
Ele já nem sabia o que achava,
talvez não estivesse achando mais nada.

O amor tem que ser cuidado, é o que se sabe,
mas às vezes a ação fica esquecida:
atrito, atritos, e eles minam o convívio....
Um defendendo razões do outro; não desse outro, o seu par,
sim de quem não é parte legítima na relação.

Alguém adentra ao relacionamento no propósito de implodi-lo.
Dá tempo de consertar, eliminar obstáculos, mais uma parte
tenta justificar os ataques e arranja várias desculpas para justificar
às agressões; só vê às razões do agressor e o agredido que fique
com os seus tormentos. 
E esses tormentos acumulados podem esgotar a relação. 
Os tormentos caminham ao lado dos dois.
E assim, um caso anula o outro. 
E daí, o que se pensava ser um grande amor 
chega ao fim como um passeio numa roda gigante.

Fora das razões do amor tudo se esvai. 
Uma boa razão é a defesa do amor,
jamais a razão do ofensor, 
quando a ofensa injusta é incontroversa.
Ofensa que se pode denominar de gratuita, 
aquela que não opera no revide,
e não tem explicação lógica; o que quer mesmo 
é separar quem até então estava bem junto. 
Destruir por destruir, existe ânimo assim,e como existe. 
Cabe se cuidar, os que vivem uma boa relação.
Não cuidou só resta segurar a dor que o inesperado trouxe;
triste surpresa programada, que de inesperado nada tem.

Imagem: Tela do Salvador Dali

evaldodaveiga@yahoo.com.br