A morte da esperança
Umas das situações mais tristes que podemos viver é a morte da esperança em qualquer momento das nossas vidas. Essa morte se dá com a própria morte, parece redundante, mas não é, quando terminamos um relacionamento, ele nunca se finda quando dizemos adeus. Ele termina realmente, depois mais uma, duas, três vezes ou até mais quando um dos participantes da relação tenta voltar, reverter a separação, o outro se mantêm firme no término e não aceita voltar. Todo adeus traz embutido dentro de si vários fins e de todos o que mais dói é aquele último fim que traz a morte daquela esperança de tudo se ajeitar como diz a letra maravilhosa do “Tocando em miúdos.” Quando surge essa morte desejamos uma chuva torrencial para podermos sair chorando com a mesma intensidade da chuva e ninguém notar.
A partir deste momento, necessitamos viver como se o outro tivesse morrido, não importa quem resolveu terminar a relação, a angústia do luto é igual. Às vezes, torna-se pior para o indivíduo que finda a relação, pois é ele precisa repetir inúmeras os motivos pelos qual não quer mais. Essa repetição aciona mecanismos de mágoas constantes, em muitas vezes, há amor ainda, desta forma, torna-se dilacerante bisar esse deus. Quando mais repetimos o deus mais vem as lembranças boas, sim depois de um tempo, parece que esquecemos tudo que nos dilacerou na relação. Só sentimos a maldita solidão e os olhares dos outros nos criticando: como tu podes ter dúvidas: “O fulano era isso, assado e tal”. O grande problema é que havia amor /paixão pelo fulano de tal, assim a dor do adeus torna-se uma cratera aberta no peito com dimensões inigualáveis. Se os adeuses fossem mais rápidos, se ninguém esticasse os olhos para trás tentando retornar ao caminho do antes, não doeria tanto.
Entretanto, dar o ultimo adeus padece como nossos olhares esticados numa janela envidraçada com a chuva escorrendo e a pessoa indo embora.
16/04/20219 (sexta-feira)