Acendedor de Lampiões
Diante das fortes chuvas que caem em Maceió, levando ao desabamento de casas pobres da periferia, retroajo no espaço e no tempo e volto ao meu sertão de Pernambuco, ao antigo curso ginasial, quando o nosso Diretor fazia uma leitura emocional de "O Acendedor de Lampiões", de Jorge de Lima, escritor alagoano de União dos Palmares.
"Ele que doira a noite e ilumina a cidade, talvez não tenha luz na choupana em que habita".
Por analogia, cito um gari que o cumprimento todo dia, quando faço a minha caminhada pela orla de Maceió. Numa das avenidas que nos leva até a praia, com um canteiro arbóreo no meio, está ele fazendo a limpeza, em toda a sua extensão. E ele, que deixa a avenida tão limpa, talvez volte pra sua casa, numa rua esburacada, agora cheia de lama, por conta do tamanho aguaceiro.
E, como diz ainda o texto de Jorge de Lima, "triste ironia atroz que o senso humano irrita."