Na Aba Do Suceso
Eric do Vale
O trabalho de um literato equivale ao de um compositor que, geralmente, se baseia em alguma experiência pessoal para compor as suas músicas.
Ronaldo Monteiro de Souza ê um bom exemplo disso: o término do seu relacionamento serviu de inspiração para compor Madalena, música feita em parceria com Ivam Lins e que ficou imortalizada na voz de Elis Regina.
Vale dizer que a musa inspiradora dessa canção não se chamava Madalena, visto que o autor tinha as suas razões para não colocá-la em evidência. Por isso, ele adotou um nome fictício. Algo bastante comum tanto na música, quanto na literatura.
Certamente, a verdadeira Madame Bovary não se chamava Emma; assim como o verdadeiro Sherlock Holmes não deveria atender por esse nome. E quem garante que Ulysses, personagem de Homero, existiu? Só tenho certeza de uma coisa: tudo os meus escritos decorreram de fatos que vivenciei.
Sempre que redijo um texto relatando alguma experiência vivida por mim, alguém do meu convívio acaba tomando conhecimento.
Graças a Deus, até agora, não tive nenhum problema com isso. Muito pelo contrário, e sempre que as pessoas elogiam o meu trabalho, eu respondo: "Espero que continue assim, porque, depois, não quero saber de ninguém querendo me processar".
Digo isso fundamentado na tese de que é bastante comum desdenhar da produção textual de um determinado escritor, quando esse se encontra no anonimato. Mas, quando começa a fazer sucesso... Torno a dizer: " Depois, não quero saber de ninguém querendo me processar".
Assim que publiquei uma crônica chamada de "O Meu Encontro Com Carlos Drumond de Andrade", a pessoa que justamente me inspirou a escrevê-la, disse:
-Gostei! Pode colocar o meu nome, se quiser.
Bastou a minha crônica fazer sucesso para que essa pessoa esquecesse das ironias que me fez, quando me viu "conversando" com a estátua do poeta. Como são as coisas!