AI, QUE DOR!

Sem dúvidas, há dores que queremos esquecer. Como, por exemplo, a dor de descobrir que um boleto não foi pago, ou que vão cortar sua energia; a de saber que alguém comeu seu último pedaço de doce que estava na geladeira. Enfim, há infinitas dores que queremos apagar da nossa memória.

Contudo, você, meu amigo leitor, não irá querer apagar as dores que sentiu na sua infância. Quando criança, ralamos os braços e as pernas, arrancamos o “tampão” do dedo e sempre procuramos nossa mãe para aliviar o desconforto. Ah! Sei que você, meu caro amigo, irá se recordar de que suas moléstias, naqueles tempos passados, eram necessárias para a diversão da sua meninice. Afinal, uma criança sem machucados não tem história para contar.

Como o bom menino arteiro e ingênuo que fui, conto a você, que me lê, o dia em que minha irmã me fez sentir uma agonia danada.

Tudo começa assim: minha irmã e eu estávamos de castigo no quarto (não me lembro o porquê, eram tantas travessuras). Apesar de ser noite, não estávamos com sono. Junte esses dois elementos, crianças e insônia, e calcule o tamanho da tragédia. Minha irmã, sendo mais velha e consequentemente a mais endiabrada, avistou um prego enfincado pela metade na parede de madeira do quarto. Não sei o que se passou na mente dela para me mandar subir naquela parede e me dependurar no prego. E o pior, eu obedeci.

Já está me doendo somente em narrar o que sucedeu quando eu cumpri a ordem da minha irmã, mas vamos lá. Assim que me pendurei, o prego não conseguiu sustentar meu peso e eu despenquei de uma altura considerável para o meu tamanho; caí de pernas abertas na cabeceira da cama. Não consegui respirar por alguns segundos. Ainda hoje eu penso: “Será que conseguirei ter filhos depois daquele incidente?”. Bom, a resposta para isso eu não tenho; porém, uma coisa eu posso afirmar com certeza: QUE DOR DOS DIACHOS!