Ode à pixação
Pixar é humano, demasiadamente humano! Aconteceu certa vez, de ter tanta vontade de pixar, que fechava meus olhos e imaginava-me sacudindo uma lata de spray no ar, então escutava o barulho da bolinha de metal chocando-se repetidamente dentro dela, um azougue contra as paredes do "jet".
Tsssssssss, esse era o som da tinta libertando-se, vazando pelo bico, ganhando vida, tornando-se arte (imaginária, pois, estava em abstinência de novos pixos). Minha língua entre dentes, como uma serpente. Pixo. Pixas. Pixaria. Pixá-lo-ia.
Trata-se de uma legítima arte, a pixação. Uma arte agressiva porque os artistas dizem, sinceros e puros: " foda-se a propriedade privada, tome no cú a propriedade pública!"
Uma manifestação artística que pretende dar voz aos artistas e avisar à urbe, "estamos vivos e queremos nos manifestar!" A verdade que esta é a mais genuína arte de subversão urbana. Acho lindíssimos alguns dísticos, além de únicos e originais.
O artista rabiscador é um dos seres mais criativos e também dos mais corajosos, porque quando é pego, toma cacete da polícia, leva tinta na cara, chute na bunda, chute no saco.
Tem uns caras que pixam SEVEN, o desenho destes artistas é dos mais valiosos, pois, somente nas alturas de galpões e prédios que expõem gratuitamente todo seu afresco e isso ressalta o caráter democrático da pixação.