Saudade daqueles tempos
Pode pular, nem leia. Esse texto está muito sombrio.
Mas, que fazer? como diz o poeta: somos feitos de luz e sombra.
De uns tempos para cá, tenho andado muito saudosa. E, com certeza, foi depois da pandemia, com certeza. Me bate uma saudade daqueles tempos, daquele sol claro e nítido que iluminava os passos da minha meninice. Saudade daqueles sonhos e crenças infantis. Naquele tempo eu acreditava sinceramente no coelhinho da páscoa e no papai noel. E acreditava com todas as forças, que na minha família ninguém nunca iria envelhecer nem morrer. Seríamos eternos. Eu cresceria e todos os meus afetos ficariam para sempre, exatamente assim como eu os estava vendo.
Mas não deu certo esse sonho do "para sempre". Saiu tudo ao contrário.
E eu agora, amante da vida e perplexa diante da velhice, vejo o tempo encurtando, e tenho saudade da vida que tanto amo. E chego a sentir saudade até da vida que ainda estou vivendo: de tudo o que gosto e não gosto, de tudo o que me cerca, do pacote completo. E de todos os meus.
E também tenho saudade do futuro. Do futuro? como assim? Tá bom, saudade não seria bem o termo, acho que o termo correto seria inveja. Uma inveja dos dias futuros... dias que não poderei ver, nem mesmo em sonhos.
Menos, madame... bem menos. Chega de bater o pino! A pandemia vai passar. Dias melhores virão. Acredite, haverá sol. Assim seja. Bora se cuidar e rezar.