Um Velhinho da Pesada
Muito embora tenha-me aposentado aos 54 anos de idade, somente após a aposentadoria da minha mulher, seis anos depois, nos tornamos turistas. Além de alguns países da Europa e da América do Sul, focamos especialmente no Brasil, visitando todas as capitais. Em Belo Horizonte, hospedamo-nos no centro da cidade, onde as ruas têm os nomes dos estados brasileiros, num sentido, e noutro, nomes indígenas. À noite, saímos para jantar, nas proximidades do hotel em que estávamos hospedados. O primeiro restaurante era uma Churrascaria Gaúcho, cujo garçom já foi logo dizendo: "aqui é só churrasco de rachar o bigode." Pela nossa idade, que à noite optamos por comida mais leve, resolvemos mudar para outro lado da rua, onde o próximo restaurante era mais para jovens, pois ali incluía também balada. E, na entrada, já fomos logo advertidos: "o negócio aqui é da pesada." De imediato, mudamos de ideia e fomos para a rua Sergipe, onde, numa esquina, encontramos um restaurante compatível com nossa idade. E a nossa opção foi um salmão na chapa, com um vinho gaúcho, para não esquecer o primeiro restaurante, o do churrasco de rachar o bigode.
No dia seguinte, considerando as ruas com o nome de Estados, almoçamos num restaurante localizado na rua Alagoas. E haja bairrismo pelo Nordeste. Por que não optamos pelas ruas Paraná, Santa Catarina ou Rio Grande do Sul?
Nordestino, mesmo lá fora, não esquece a sua origem.