Diário de uma cidadã brasileira
Mais uma segunda-feira pronta para ser enfrentada
Pois as guerras não são só nos campos de batalha
A luta dessa cidadã brasileira não termina por nocaute
Com o tempo aprendeu como ser uma mulher de verdade
Os golpes violentos já fazem parte do seu cotidiano
Ela preferiu levantar mesmo num cenário tão insano
Acorda cedo até nos dias em que a chuva decide não cessar
Embaixo do guarda-chuva tenta de algum jeito se acomodar
Molha seus pés ao acelerar os passos atrás da condução
Aquele ônibus lotado como sempre é sua única opção
Aglomeração daqueles que sobrevivem por persistência
Expostos ao vírus e sujeitos à assaltos sem providência
Para ter um futuro melhor é preciso se arriscar no presente
Quem perde a vida hoje pode ganhar uma outra lá na frente
Eis que ela chega no serviço após a sua cansativa viagem
Depois de tanto sufoco ainda precisa encontrar coragem
Sabe que merece bem mais do que ganha por mês
Mas prefere ser grata por não viver na escassez
No fim do expediente o suspiro se junta ao sofrimento
Naquele percurso de volta pra casa há perigo e lamento
Resistir num sistema tão injusto é um grito de socorro
E pela falta de solução nos restou apenas engolir o choro