Linguagem e solidão
Apesar da linguagem, sempre estarei sozinha. O que sinto agora não é estranhamento com os outros. Eles sempre serão o que são. Sinto estranhamento comigo mesma. Não dá pra esconder que volta e meia, me sinto alheia a tudo. E até os abraços onde antes eu me encaixava tão bem, parecem me apertar demais... as conversas que antes me envolviam agora parecem as falas por obrigação que tenho com alguém com quem estudei na sexta série. Os contatos se tornam tumultuados pelo pequeno léxico de palavras mal entendidas. E até a camisa que tem o cheiro de alguém que amo parece me deixar pequena demais. Não acho que eu seja pequena demais, porém as pessoas falam comigo como se eu fosse e eu repudio tudo que me apequena ou tenta me reduzir. Mas não tirarei a camisa. O cheiro dele está nela e isso me lembra que na semana passada, eu ainda me sentia eu, mesmo estando num lugar totalmente diferente.