Muito além dos mamutes
Baseado no livro de Michael Crichton, o cinema trouxe os dinossauros extintos há 65 milhões de anos de volta à vida. Na ficção, a ilha dessas feras se transforma em caos por ações humanas no objetivo de controlá-los. No final de todos os filmes da franquia acontece uma revolução dos dinossauros contra os seus criadores.
Assistindo ao filme ninguém pensa nisso. Lendo o livro sim. O papel dos avanços da genética nessa ficção. Os dinossauros reviveram pela manipulação do seu DNA que supostamente foi encontrado. Quando a genética encontra bilionários sonhadores ou investidores interessados em lucros seus limites são ultrapassados facilmente.
No seu livro “Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã”, Yuval Noah Harari apresenta a sua visão do que a genética será capaz num futuro próximo. Os humanos não apenas brincarão de ser Deus. Eles serão os novos deuses do planeta. Mesmo que as sociedades conservadoras imponham limites morais e éticos. Quem pensará em moral e ética sabendo que seu filho que ainda nascerá estará imune a vírus e doenças?
Muito provavelmente o livro de Crichton não seria um best-seller nem os cinemas lotariam se os dinossauros fossem trocados por mamutes. Sobre esses bichos peludos, provavelmente a primeira espécie extinta por mãos e artefatos humanos, no canal “Discovery Science” pode ser assistido o documentário “As Feras Perdidas da Era Glacial.
Com as mudanças climáticas fazendo o permafrost do Ártico descongelar, nos verões do Hemisfério norte cientistas viajam para regiões remotas da Sibéria. Lá em cavernas abertas pelo desgelo do permafrost estão encontrando animais que viveram na Era Glacial intactos. É o caso de um filhote de mamute. O permafrost também está revelando um cemitério de ossos. Não apenas de mamutes.
Uma floresta localizada na Sibéria está sendo preservada para ser o lar de novas manadas de mamutes quando forem trazidos de volta à vida dentro de algumas décadas. Desta vez, a ficção não está num livro nem irá para as telas dos cinemas. É uma ficção totalmente baseada na genética.
Pelo projeto, algumas centenas mamutes seriam capazes de transformar a floresta de hoje no seu habitat como era há 50 mil anos atrás. Em teoria essa mudança ajudaria a reduzir o aquecimento global. Que paradoxo. Os extintos pelos humanos ajudando a salvar o planeta.
Não apostaria num expresso turístico siberiano levando humanos para verem manadas de mamutes pastando. Que a genética irá além dos mamutes sim. Isso a levará para o centro das discussões sobre moral e ética nas sociedades e nas religiões. Não a deterão. Com a manipulação do DNA, uma nova raça de humanos está em gestação.