LUNÁTICO / MARCIANO

Nove ou noventa? Oito ou oitenta? Sessenta. Setenta. Dois mais dois? Cinco. Dez. Dezenas, centenas, milhares de palavras na minha boca, mas não vou falar nada.

No divâ, medito, são só números, estas palavras? Será a quantidade ou a qualidade que pesará na interpretação, afinal, de contas, depois de tantos questionamentos, congestionamentos mentais?

São palavras/perguntas sempre, nunca palavras/respostas, por que? Quero Ouvir respostas que nos esclareçam, não histórias pra boi dormir.

É sim, oito ou oitenta, senta, tenta, de novo, mas nunca de se ter um final decente, sempre a mesma história sem pé nem cabeça.

Até quando? Até quando esta roda gigante, girando sem parar?

Eu, girando, neste globo terrestre, tantos números e tantas palavras, lunático, marciano, discípulo de todo mundo.

As palavras desviam os rumos do assunto e outras partes do sistema aparecem, solar, outros pontos, outros planetas, outros planos, pensamentos, quentes, nestes tempos raivosos.

Ando muito e penso muito também, nestas palavras, milhares, estes sistemas, estes tempos difíceis, estas elucubrações alucinadas.

Uma gravidade falar destes sistemas nestes tempos difíceis de oito ou oitenta, leis naturais e imutáveis sendo ignoradas por tão pouco, enquanto as palavras jorram fatos novos neste cotidiano aloprado ou ao mesmo tempo vulnerável e frágil demais, democraticamente falando, já passando para outro plano, nem tão plano assim, redondo, doido, lunático, marciano, centenas, milhares de palavras na minha boca, mas não vou falar nada.