Faz um tempo já, tenho encontrado pessoas mais caladas, com olhos pedintes, mãos sôfregas como se essas gritassem o que está apertando a garganta, o coração; além dos sorrisos que já não vejo, as máscaras atordoam, nos deixam meio à toa, como se tivéssemos algo a mais a ser tirado, mas ao mesmo tempo se tirarmos, nos sentimos despidos, mais fragilizados do que já somos.  
Tempos estranhos, ferozes, querendo nos deixar aflitos, já não sabemos como estaremos depois que tudo passar, as sequelas psicológicas das lutas solitárias deixam um amargo na alma se não cuidarmos. Estávamos nos tornando seres sem desejos, como se aceitando tudo como estava, cansados do descaso de muitos, a fé, para quem tem, sempre foi o melhor caminho, porque é a luz que ilumina toda escuridão que o próprio homem cava.  
Bom seria se todos aprendessem a lição, se todos olhassem o céu num só propósito, num bem maior, numa bondade extrema que a humanidade nunca viveu; pura utopia, enquanto uns rodopiam em encontros clandestinos muitos choram seus mortos pela indeferença desses outros que se dizem humanos.
Se dependemos da conscientização de todos, resta-nos orar para quem nos ouve fazer o milagre acontecer, assim caminharemos unidos nas verdejantes petições dos que se amam, se respeitam; depois do perigo passado, festejaremos esse sonho concretizado.