A única coisa pela qual se pode ser definitivamente culpado é ter cedido ao desejo. Desejo que vem da alma e que vem do corpo. Em nosso desejo, nosso inconsciente é onipotente e, transmuta em sonhos e símbolos a nos acenar com mensagens e incertezas. Por causa do desejo, da necessidade de saciá-lo, conhecemos a angústia. De qualquer forma, somos responsáveis por nosso desejo, produzimos e construímos cada um dos desejos. Somos seres desejantes, diferentes daquele suposto sujeito cartesiano, calcado no ego essencialmente. Como seres desejantes, não existe a ausência de desejos. O que ocorre é o folhear da cartela variada dos interesses correspondentes às fases de vida... Até que a maturidade, finalmente, nos aconchegue, muitos percalços passamos... Até pensar que nada desejamos e que estamos à toa. Nada é por acaso. Nada é à toa. Tudo tem finalidade intrínseca, é o amálgama de toda uma história. Como ser desejante, somos produto de uma sociedade específica, engendrada por uma cultura e, não por mera realidade psíquica deslocada e divorciada da realidade fática e material.  O próprio conceito de saúde e doença transmuta-se em outro conceito, quando se submete ao tratamento. A sanidade está relacionada à capacidade de conter e aliviar os conflitos e, ainda, resolver os próprios desejos.