Agnaldo Timótio, Um Ídolo Incompreendido
Para Paulo Henrique Bezerra Aguiar
Eric do Vale
Ciente de que o Ziraldo é mineiro, perguntei:
- O senhor é de Belo Horizonte?
- Não, sou de Caratinga.
- O senhor é da mesma cidade do Aguinaldo Timótio!
- Meu amigo. Ele é meu amigo de infância.
Lembrei disso, assim que começei a redigir esse texto.Porém, o ponto de partida para a elaboração dessa crônica aconteceu, quando vi alguém de uma geração contemporânea escutando e, simultaneamente, cantando as canções do AgnaldoTimótio.
O mais impressionante é que isso ocorreu vinte e quatro horas antes do falecimento dele, visto que aqui, no Brasil, é bastante comum reconhecer postumamente o talento de alguém.
Assim que a carreira de Agnaldo Timótio deslanchou, nos anos 60, os críticos classificaram o trabalho dele como um "renascimento" da era do rádio mesclado com o romantismo consolidado, tempos depois, pelo Rei, Roberto Carlos.
Vale também frisar que a música brasileira, nessa época, vivia um momento de efervescência: o apogeu da Jovem Guarda; os Festivais Televisos; o Tropicalismo; e, posteriormente, as músicas de protesto cantadas por Geraldo Vandré e dentre outros. Por isso, os intelectuais torceram o nariz para o repertório do Agnaldo Timótio, taxando, pejorativamente, de "brega".
Esse rótulo também pode ser atribuído, porque as sua canções apresentavam uma simplicidade que cativava as camadas mais populares.
Futuramente, Agnaldo Timótio será lembrado como um artista singular, assim como ocorreu com Raul Seixas, Tim Maia e Reginaldo Rossi. Artistas que como ele souberam conquistar as mais variadas classes do nosso país.
É preciso, desde já, que nós, brasileiros, além de presarmos pelos nossos artistas, deixemos de fazer essa segregação cultural que também torna-se mais um motivo que impede o desenvolvimento do Brasil.