VI 17 DE MARÇO DE 1962... 08h11min. Epílogo?..
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Finalmente, março se foi, porque não dizer com tristes recordações, com o recrudescimento desta pandemia que parece não ter fim, mas com certeza terá, pois nunca houve mal que durasse para sempre...
É provável que com este singelo texto, terminamos esta série de singelas lembranças, talvez para muitos não terão qualquer importância, mas para nós que evidenciamos, as têm, pois estão guardadas no âmago de nossa alma.
Na instituição que muito tempo frequentamos, e demos nossos modestos préstimos, nos finais dos anos 60, o “destaque” era a reunião dos jovens, que era realizada nos sábados, as quatro horas da tarde. Chegou a ter um grande número de participantes, não restrita a jovens, mais também de pessoas com idade mais avançada, visto que as palestras eram de grande valia para as pessoas de todas as idades.
As palestras eram de bom conteúdo doutrinário, muitas vezes os temas eram escolhidos pelos jovens, e no final havia a interação com perguntas e respostas.
Vários foram os palestrantes, lembramos de dois, professor Octavio Melquiádes Ulisséa e Vitor Ribas Carneiro, na época era um promotor aposentado, que frequentava com toda sua família, inclusive com o seu filho* que se tornou muito nosso amigo.
Os anos se passaram céleres, pois já fazem mais de cinco décadas, e a grande maioria já passou para o lado de “lá”.
Na humilde casa que morávamos, pertencente a Instituição, após a reunião alguns participavam de um lanche, descontraído, e as conversas edificantes continuavam...
... Os anos passaram, o filho da pessoa mencionado acima, que na época era um estudante de direito, se formara e seguia os passos do pai pois se tornava também promotor.
Em razão de ser funcionário público, era cliente do banco do Estado do Paraná, o saudoso Banestado. Ficou sabendo das dificuldades de nossa pequena empresa, pois estávamos vivendo o segundo ano do Plano Real, com efeitos positivos, no tocante a inflação controlada, mas ao mesmo tempo trazia os efeitos negativos, pois vínhamos de uma “cultura” inflacionária de longos anos...
As vendas caíram assustadoramente, com ela a inadimplência de muitos clientes, quando chegamos a uma situação de muita “aflição”, pois estávamos fazendo uso do limite do cheque especial, que na época, era de dez mil reais, - 1996 – e com os juros debitados todos os meses, num daqueles meses chagou a perto de 12 salários mínimos, além das duplicatas descontadas e não pagas, toda as despesas eram debitadas em nossa conta, despesas com cartório, pois eram títulos descontados.
Se tornou nosso avalista, tudo que devíamos ao banco foi parcelado em 24 pagamentos, que dava um pouco mais de 12 salários mínimos mensais, mas aí começaram a vir as “surpresas”, as prestações eram “corrigidas” mensalmente, isto ia exaurindo os recursos financeiros da pequena empresa.
Com extremo sacrifício, pagamos 12 parcelas, quando comentamos com ele, de pronto disse que iria nos ajudar, escreveu uma carta ao banco, contando a nossa situação, ofertando um certo valor – oito mil reais - para quitar as 12 prestações restantes, o banco aceitou e começamos vida nova...
Em fevereiro de 1998, finalmente nossa aposentadoria por tempo de serviço, saiu, não exatamente com os valores que esperávamos, - perto de cinco salários mínimos – até fizemos um plano com ele de ressarcir nossa dívida com os recebimentos do INSS, algo que não podemos cumprir, pois em setembro daquele ano tivemos que parar com as atividades de nossa pequena empresa... Dai para frente dependeríamos tão somente de nossa modesta aposentadoria...
Durante algum tempo, até chegamos a pagar um valor mensal a ele, nos valores que recebia, - pois o valor estava aplicado - deste valor a nos emprestado, que dava em torno de duzentos mil reais... 8h58min.
*Celso Ribas Carneiro, mais tarde foi presidente da Instituição por duas vezes, e nós ficamos na condição de seu vice.
Curitiba, 05 de abril de 2021 – Reflexões do Cotidiano – Saul
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