CASAMENTO
Não sei se mulheres são realmente pessoas normais. Já não entendo. No princípio, ela dizia que gostava de mim exatamente como eu sou, agora quer me mudar. Quer me fazer parar de sair com meus amigos solteiros porque na visão dela, eles são a minha perdição.
Foi só uma noite passada fora de casa, ela fez muito drama por isso! Nem dormi na casa de uma amante, num hotel ou coisa parecida. Dormi no chão do salão de festas! Mas preciso admitir: estava muito chongado* nesse dia! Não consegui voltar a casa. Foi uma coisa feia e pensando bem, acho que minha mulher tem razão. Meus Kambas não têm travão quando o assunto é gelo!
A música que segue a anterior é "Love the way you lie - Pt. 2". Rihanna amolece meu coração e acalma os pensamentos sobre a vida amorosa. "Even angels have their wicked schemes!" diz Rihanna. Então percebo que estou a tentar ser perfeito e simultaneamente me lembro do anjo que se fingiu de mau para cumprir a vontade de Deus. Se até os anjos fingem para cumprir um propósito maior, quem sou eu? Posso muito bem me fingir de bonzinho para deixar minha esposa feliz. Vou dar uma de romântico em vez de traí-la com a bebida.
O taxi me deixa e antes de chegar a casa, entro no supermercado. Três garrafas de vinho, uma embalagem de castanhas assadas e um buquê de rosas vermelhas!
Chego a casa e vejo ela organizando a mesa. Deixo os produtos na cozinha e vou direito tomar um banho. Volto usando um calção havaiana e a última T-shirt que ela comprou para mim. Levo os produtos comigo até a sala.
— Oi amor! — saúdo com vontade.
— Oi! O que tens aí? — ela questiona ao ver o saco. Sorrio para ela e tiro o buquê.
— Flores para a minha constelação favorita! A única mulher maravilha. Sabes? Acho que devíamos ser roteiristas para escrevermos um guião infinito para o nosso caso de amor.
— Deixa de ser clichê — ela diz, recebendo o buquê. — Estás estranho, comeste o quê no trabalho?
Mulheres! Às vezes, isso é o que me faz ir beber! Coloco uma garrafa de vinho e as castanhas sobre a mesa e sirvo vinho no copo para água. Ela coloca as flores num jarro e vai à cozinha.
— Decidiste beber em casa? — Ela questiona quando volta.
— Decidi beber ao lado da pessoa que amo! Não me vais fazer companhia, Sua Alteza? — Ela sorri e pega duas taças. Serve-se e transfere o meu vinho do copo para a taça de vinho.
— Está tudo bem mesmo?
— Claro meu bem! Hoje tive um vislumbre. Sei que preciso aproveitar a vida ao lado das pessoas que me são um pilar e dentre essas pessoas, tu és a mais destacada.
— Que bom! Já era tempo!
— Amor! — Chamo-lhe enquanto ela dá um gole de vinho. Olho para o peito dela, os mamilos marcados na blusa. É hábito dela. À noite, depois do banho ela já não usa sutiã. Expõe tudo para mim e eu amo! Eles ainda são firmes e bonitos
— Oi — ela responde depois de engolir.
— Se um dia, por algum motivo idiota nos divorciarmos, por favor seja minha amante.
— Fizeste o quê? Não me traíste né? — Ela levanta uma sobrancelha.
— Não! É que não conseguiria viver sem esses peitos reluzentes. Cintilantes são essas obras de arte. E a parte mais intrigante é, de certo, o prazer que eles me proporcianam de modo constante!
Ela gargalha e olha pros próprios peitos.
— Agora és poeta ou é só o vinho?
— Ainda nem comecei a beber, ó amada minha! Preciso admitir, dentre as princesas, és mais parecida com a Diana! Esse teu coração, essa tua paixão. Amo-te cada dia um pouco mais. E se não for pedir muito, dá-me uma filha para replicarmos esses teus olhos lindos.
— Isso é um pedido de desculpas?
— Bem, talvez seja o começo, como posso dizer, de uma noite de reconciliação!
— Por teres bebido até esquecer o caminho de volta a casa?
— Amor... estás a dificultar. Eu errei okay? Errei. Mas sei o porquê de me ter casado contigo. Não foram só os peitos e os lábios e esse cabelo. Foram as tuas qualidades!
— Que te fizeram ir beber?
— Po... Ana, eu estou a ser sincero!
— Eu sei desculpa. Vai, continua!
— Quero que saibas que não tenho olhos, romanticamente falando, para outra mulher. Nosso problema se resolve mas preciso da tua ajuda meu amor.
— Então tu achas que vais mudar do dia pra noite?
— Ana, sabes o quê? Perdi o apetite. — digo levantando-me. Pego o saco com as outras garrafas de vinho.
— Calma, senta aí.
— Estou cansado da tua indiferença! Hoje vou dormir no escritório.
Vou ao escritório e tranco a porta.
Por Fábio Kintosh