O dia da mentira, em nosso país, é celebrado em primeiro de abril. O dia da mentira ou April Fool's day, dia dos bobos de abril, conforme é conhecido nos países de língua inglesa, surgiu em razão da mudança de calendário usado em França do século XVI. E, o referido século ficou marcado por diversos debates sobre a mudanças de calendário, que na época era o juliano e já estava muito defasado.
Em França, na segunda metade do século XVI, o Ano Novo era comemorado tradicionalmente em 25 de março, pois marcava o início da primavera, sendo considerado um momento de renovação de um ciclo.
Assim, a comemoração de Ano Novo acontecia até o dia primeiro de abril, mas, acontece que em 1563, o rei Carlos IX propôs a mudança do Ano Novo para primeiro de janeiro. Tal proposta fora aprovada pelo Parlamento e ficou sendo famosa como o Édito de Roussillon. Porém, muitos se recusaram a seguir o novo calendário e, perpetuaram sua celebração de Ano Novo no período de 25 de março à primeiro de abril.
Antes de Gregório, o calendário mais aceito era o juliano. Criado no ano 45 a.C. por Júlio César (101 a.C.-44 a.C.), ele estabelecia que o início do ano coincidia com o equinócio de primavera, entre 20 e 21 de março[1].
Mas, na Europa medieval, nem mesmo o calendário juliano era seguido por todos. Muitas aldeias e paróquias celebravam o ano novo na festa da Anunciação, em 25 de março. Outros esticavam o ano velho até 31 de março e só comemoravam o réveillon em 1º de abril.
Aos poucos, tais pessoas rebeldes foram alvos de zombaria pela sociedade francesa da época e, passaram a ser denominados e Poisson d'Avril, que significa "tolos de abril". Tendo surgido aí, a prática de realizar brincadeiras e zombarias com as pessoas em primeiro de abril e, tal tradição se fortaleceu e disseminou-se pelo mundo todo.
Em França, a data é conhecida como “Peixe de abril” (“Poisson d’Avril”). O trote mais praticado entre as crianças é o de colar um desenho de um peixe nas costas dos colegas.
Existem alguns registros históricos que apontam o Dia da Mentira como sendo prática bem mais antiga e, um destes é do poeta Eduard de Dene, também do século XVI, que escreveu um poema que sugeria práticas parecidas com os da do Dia da Mentira.
A origem do Dia da Mentira permanece obscura pois, está relacionada possivelmente com as mudanças de calendário propostas no Concílio de Trento ocorrido em 1545 e, implantadas pelo Papa[2] Gregório XIII em 1582[3].
Uns dos motivos apontados para a mudança da data de Ano Novo seria relacionado com o fato de a comemoração do início da primavera está vinculada às práticas pagãs e, não cristãs.
A ligação direta aos fenômenos naturais tais como a primavera e, a possível evocação de espíritos divinos contrariava as práticas cristãs de um Deus único e, não relacionado às forças da natureza. Ademais, igualmente, se comemorava a entrada do período da fertilidade, em que se realizavam as semeaduras e, havia ainda, o desabrochar das flores.
As comemorações do século XVI eram muito identificadas com as estações do ano do que propriamente com os calendários e, ocorriam ao final de março pela passagem do inverno para a primavera.
Com a adoção do calendário gregoriano, suprimiu-se a defasagem existente de dez dias entre as datas do calendário e os eventos decorrentes de movimentos celestes, tais como o sol e a lua.
E, a Igreja Católica pretendia fazer coincidir o início da primavera com o dia 21 de março, em 1583, e assim estipular uma única data para a comemoração da Páscoa cristã. E, enfim, para realizar tal mudança, fora instituído que, após a quinta feira, 04 de outubro de 1582, iniciar-se-ia a sexta-feira, em 15 de outubro de 1582.
Outra teoria para explicar o Dia dos Bobos defende que a data seria uma antiga festa romana. “Em Roma já se pregavam trotes durante o equinócio de primavera”, diz o historiador americano Joseph Boskin, professor da Universidade de Boston.
De acordo com ele, essas festas deram origem ao Dia dos Bobos inglês (o April Fool’s Day), também comemorado no dia 1º. “Os trotes de 1º de abril são anteriores à reforma do calendário por Gregório”. Assim, a mudança talvez só tenha reforçado um dia de piadas anterior.
Reforça essa teoria, o fato de a referência mais antiga conhecida ao Dia da Mentira estar nos Contos da Cantuária[4] (1392) do inglês Geoffrey Chaucer. No Conto da Freira do Padre, uma raposa aparece enganando um galo no "32º dia desde que março começou" - isto é, 1º de abril. Ainda assim, isso é disputado.
Alguns historiadores acreditam que tenha havido um erro de transcrição e na verdade ele se referia a 32 dias após março, isto é, 3 de maio.
No calendário gregoriano, podemos relacionar a origem do Dia da Mentira (dia dos tolos, ou bobos) com a adoção desse calendário. Havia muito tempo que o calendário juliano não correspondia mais ao tempo dos movimentos do Sol.
Desde o século I a.C. que não havia reformas profundas no calendário juliano, utilizado no mundo cristão. Desde sua criação e utilização, sob ordens do general romano Júlio César, em 45 a.C., que o calendário utilizado instituía o ano com 365 dias e 6 horas, sendo as horas extras transformadas em ano bissexto a cada 4 anos. Entretanto, tal calendário também não era muito preciso.
Transcorridos mais de 1500 anos, havia uma defasagem de 10 dias entre o calendário utilizado pelos homens e os tempos dos movimentos do Sol e da Terra. Para tentar acabar com essa diferença e colocar o calendário em sintonia com os movimentos celestes, os cardeais da Igreja católica decidiram reformular o calendário no Concílio de Trento, em 1545.
No Brasil, o dia da mentira começou a se popularizar em Minas Gerais, através do periódico chamado "A Mentira" que abordava assuntos efêmeros e sensacionalistas do começo do século XIX.
Tal periódico fora lançado em primeiro de abril de 1848, onde havia uma matéria que noticiava o óbito do então Imperador Dom Pedro II. E, dois dias depois, o jornal teve que desmentir a referida publicação, pois muitas pessoas acreditaram na notícia.
É verdade que a mentira não faz crescer o nariz, conforme ocorreu com Pinóquio[5], porém diminui drasticamente a confiança e, assim, é importante ensinar a honestidade não apenas para crianças e adolescentes, mas principalmente, para adultos.
Outra história conta que em primeiro de abril de 1700, jovens britânicos de espírito brincalhão começaram a popularizar a anual tradição do dia da mentira ou dia dos bobos, que passavam a narrar histórias absurdas com ares de verdade, uns aos outros.
Outros historiadores[6], porém, que ligam o ‘Dia dos Bobos’ de abril a antigos festivais como o Hilária, que era celebrado em Roma no final de março e que incluía pessoas que compareciam disfarçadas com máscaras e outras vestimentas.
Existem também especulações de que o ‘Dia dos Bobos’ de abril esteve vinculado ao equinócio de primavera - momento em que o Sol, em seu movimento anual aparente, corta o equador celeste, fazendo com que o dia e a noite tenham igual duração – ou o primeiro dia da primavera no hemisfério norte, quando a Mãe Natureza engana as pessoas com um clima mutante e imprevisível.
O ‘Dia dos Bobos’ de abril espalhou-se pelo Reino Unido durante o século XVIII. Na Escócia[7], a tradição levou a celebrá-lo em dois dias, começando com a ‘caça ao “gowk” – sendo ‘gowk’ uma expressão que se referia ao pássaro cuco, que costuma usar o ninho de outras aves, e que simbolizava uma pessoa tonta, ingênua – em que as pessoas eram encaminhadas a pistas falsas, seguida do ‘Dia do Tailie” (Dia da Cauda), quando se amarrava caudas de papel às costas de pessoas desprevenidas com mensagens jocosas ou depreciativas.
Em Portugal, o Dia da Mentira é comemorado no domingo e na segunda de Carnaval. A brincadeira mais comum é a de se jogar farinha no rosto dos colegas.
Na Bélgica, a data é um pretexto para que as crianças “sequestrem” os adultos. A brincadeira consiste em “prender” os pais ou professores dentro de um cômodo. O resgate? Doces, naturalmente!
Na Polônia, o Dia da Mentira é levado a sério! Isso porque a mídia e até o poder público geralmente entram na onda das brincadeiras. Não entrar no clima é praticamente proibido durante a data. A prática mais comum é a de jogar água nos colegas.
No Irã, o 13º dia do Ano Novo pelo calendário persa — oficial neste e em outros países do Oriente Médio — cai nos dias 1º ou 2 de abril. Além de festas ao ar livre, a data é repleta de brincadeiras. Ao redor do mundo, atualmente, a data é celebrada de formas diferentes de acordo com as tradições de cada país.
[1] O calendário juliano surgiu quando Júlio César, aconselhado por astrônomos egípcios, decidiu alterar o calendário utilizado na altura, o calendário romano. Isso porque, ele havia reparado que as comemorações da primavera coincidiam com dias de inverno. Assim, o calendário que antes era lunisolar, passou a ser solar, ou seja, se baseando no ciclo do Sol, à semelhança do calendário egípcio.
A transição do calendário romano para o calendário juliano foi feita em 46 a.C., ano que ficou conhecido como o Ano da confusão, pois para corrigir a defasagem existente nas estações do ano, foram acrescentados mais 80 dias a esse ano, ou seja, o ano 46 a.C contou com 445 dias em vez de 365.
A transição do calendário romano para o calendário juliano foi feita em 46 a.C., ano que ficou conhecido como o Ano da confusão, pois para corrigir a defasagem existente nas estações do ano, foram acrescentados mais 80 dias a esse ano, ou seja, o ano 46 a.C contou com 445 dias em vez de 365.
[2] Papa Gregório XIII (Latin: Gregorius XIII; 7 de janeiro de 1502 - 10 de abril de 1585), nascido Ugo Boncompagni, era o chefe da Igreja Católica e regente dos Estados Papais a partir de 13 de maio de 1572 até sua morte em 1585. Ele é mais conhecido por comissionamento e ser o homônimo do calendário gregoriano, que continua sendo o calendário civil internacionalmente aceito até hoje.
O Papa Gregório XIII é mais conhecido por seu comissionamento do calendário depois de ter sido inicialmente criado pelo médico / astrônomo Luigi Giglio e com a ajuda do padre / astrônomo jesuíta Cristóvão Clávio, que fez as modificações finais.
O motivo da reforma foi que a duração média do ano no Calendário juliano era muito longa - pois tratava todos os anos 365 dias, 6 horas de duração, enquanto os cálculos mostraram que a duração média real de um ano é um pouco menor (365 dias, 5 horas e 49 minutos). Como resultado, a data do equinócio vernal caiu lentamente (ao longo de 13 séculos) para 10 de março, enquanto o cálculo (cálculo) da data da Páscoa ainda segue a data tradicional de 21 de março.
O Papa Gregório XIII é mais conhecido por seu comissionamento do calendário depois de ter sido inicialmente criado pelo médico / astrônomo Luigi Giglio e com a ajuda do padre / astrônomo jesuíta Cristóvão Clávio, que fez as modificações finais.
O motivo da reforma foi que a duração média do ano no Calendário juliano era muito longa - pois tratava todos os anos 365 dias, 6 horas de duração, enquanto os cálculos mostraram que a duração média real de um ano é um pouco menor (365 dias, 5 horas e 49 minutos). Como resultado, a data do equinócio vernal caiu lentamente (ao longo de 13 séculos) para 10 de março, enquanto o cálculo (cálculo) da data da Páscoa ainda segue a data tradicional de 21 de março.
[3] Para adequar a data da Páscoa com o equinócio de primavera no Hemisfério Norte, o papa Gregório XIII ordenou que o dia seguinte a 4 de outubro de 1582 passasse a ser o dia 15 de outubro. Um salto de 11 dias! Para diminuir a defasagem, os dias bissextos não ocorreriam nos anos centenários (terminados em 00), a não ser que fossem divisíveis de forma exata por 400. A maior parte do mundo católico aceitou a mudança, mas foram vários os países que rejeitaram a alteração, fazendo com que mais de um calendário existisse no mundo cristão. Os últimos países a adotarem o calendário gregoriano na Europa foram a Grécia, em 1923, e a Turquia, em 1926.
[4] The Canterbury Tales (Os Contos da Cantuária ou Os Contos de Canterbury) é uma coleção de histórias (duas delas em prosa, e outras vinte e duas em verso) escritas a partir de 1387 por Geoffrey Chaucer, considerado um dos consolidadores da língua inglesa. Na obra, cada conto é narrado por um peregrino de um grupo que realiza uma viagem desde Southwark (Londres) à Catedral de Cantuária para visitar o túmulo de São Thomas Becket.
A estrutura geral é inspirada no Decamerão, de Boccaccio. A coleção de personagens dos Contos da Cantuária é muito rica, com representantes de todas as classes sociais, e os temas são igualmente variados. Os contos são recheados de acontecimentos curiosos, passagens pitorescas, citações clássicas, ensinamentos morais, relacionados à vida e aos costumes do século XIV na Inglaterra.
Escrita em inglês médio, a obra foi importante na consolidação deste idioma como língua literária em substituição do francês e do latim, ainda utilizados na época de Chaucer em preferência ao inglês. A obra centra-se num grupo de viajantes que, saindo da pousada Tabard em Southwark (Londres), se dirigem à Catedral de Cantuária, com o objetivo de prestar homenagem ao santuário de São Thomas Becket, um bispo católico assassinado, em 1170, por partidários do rei Henrique II de Inglaterra.
A estrutura geral é inspirada no Decamerão, de Boccaccio. A coleção de personagens dos Contos da Cantuária é muito rica, com representantes de todas as classes sociais, e os temas são igualmente variados. Os contos são recheados de acontecimentos curiosos, passagens pitorescas, citações clássicas, ensinamentos morais, relacionados à vida e aos costumes do século XIV na Inglaterra.
Escrita em inglês médio, a obra foi importante na consolidação deste idioma como língua literária em substituição do francês e do latim, ainda utilizados na época de Chaucer em preferência ao inglês. A obra centra-se num grupo de viajantes que, saindo da pousada Tabard em Southwark (Londres), se dirigem à Catedral de Cantuária, com o objetivo de prestar homenagem ao santuário de São Thomas Becket, um bispo católico assassinado, em 1170, por partidários do rei Henrique II de Inglaterra.
[5] Pinóquio, ou em italiano Pinocchio é personagem de ficção cuja primeira aparição que ocorreu em 1883, no romance As Aventuras de Pinóquio escrita por Carlo Collodi, e que desde então teve diversas adaptações. Ele fora esculpido a partir do tronco de uma árvore por um entalhador chamado Geppetto numa pequena aldeia italiana.
Nasceu como boneco de madeira, mas que sonhava em ser um menino de verdade. O nome "Pinocchio" é uma palavra típica do italiano falado na Toscana e significa pinhão (pinolo). No sentido de pinhão, pode-se resumir simbolicamente as características do personagem, como evidenciou também Gérard Génot: A "semente" como valor "filial, infantil", no seu próprio ser "de madeira", enfim "a carne na madeira, a germinação na dureza".
Nasceu como boneco de madeira, mas que sonhava em ser um menino de verdade. O nome "Pinocchio" é uma palavra típica do italiano falado na Toscana e significa pinhão (pinolo). No sentido de pinhão, pode-se resumir simbolicamente as características do personagem, como evidenciou também Gérard Génot: A "semente" como valor "filial, infantil", no seu próprio ser "de madeira", enfim "a carne na madeira, a germinação na dureza".
[6] Em 1983, o professor de História da Universidade de Boston Joseph Boskin revelou à agência de notícias Associated Press mais uma explicação possível para o surgimento da data: no Império de Constantino, na Roma Antiga, um grupo de bobos da corte teria desafiado o imperador, dizendo que faria um governo melhor do que o dele. Constantino, divertindo-se com a provocação, deu aos bobos um dia no poder (1º de abril).
A partir de então, a data virou motivo de gozação. Demorou duas semanas para que o veículo que publicou a notícia ficasse sabendo que a história não se passava de um trote do Dia da Mentira feito pelo professor universitário.
A partir de então, a data virou motivo de gozação. Demorou duas semanas para que o veículo que publicou a notícia ficasse sabendo que a história não se passava de um trote do Dia da Mentira feito pelo professor universitário.
[7] Os irlandeses colecionam piadas que tratam escoceses como bobos. Eles dizem, por exemplo, que no passado remoto deram uma gaita de fole para um escocês a título de piada. O cara acreditou, e está lá, até hoje, soprando os tubos sonoros.
Rusgas regionais à parte, é preciso fazer justiça: os escoceses não têm nada de bobos. Pois bem neste ano, em que a libra caiu um pouco, quase equiparando-se ao euro, a Escócia promove uma grande festa que recheia o calendário de eventos no país inteiro principalmente em Edimburgo- ao longo do ano todo.
Os escoceses adoram a data! Tanto que, na Escócia, as comemorações duram dois dias. No primeiro dia, eles fazem uma espécie de “caça aos bobos”. Quem cai nos trotes de 1º de abril fica conhecido como tal. O segundo dia é dedicado à brincadeira de se colar placas de papel nas costas dos colegas. A mais comum costuma dizer “Me chute”.
Rusgas regionais à parte, é preciso fazer justiça: os escoceses não têm nada de bobos. Pois bem neste ano, em que a libra caiu um pouco, quase equiparando-se ao euro, a Escócia promove uma grande festa que recheia o calendário de eventos no país inteiro principalmente em Edimburgo- ao longo do ano todo.
Os escoceses adoram a data! Tanto que, na Escócia, as comemorações duram dois dias. No primeiro dia, eles fazem uma espécie de “caça aos bobos”. Quem cai nos trotes de 1º de abril fica conhecido como tal. O segundo dia é dedicado à brincadeira de se colar placas de papel nas costas dos colegas. A mais comum costuma dizer “Me chute”.