A l e l u i a

DEPOIS de todos aqueles dias vivenciando a tristeza da Paixão de Cristo, chegava, finalmente, o Sábado de Aleluia. Era uma festa.As pessoas voltavam a sorrir, a cantar, a dançar,a viver o cotidiano normalmente. Até as comadres e os compadres fofoqueiros e as pessoas más que, por medo, haviam dado um pause nos vícios e maldades voltavam ao ofício.

Só os mais adentrados nos anos que vivenciaram aquela época, anos 50 até o começo dos sessenta, principalmente no interior, sabem como era a Semana Santa. Não era só o jejum, nem aquela fantasia de tristeza profunda, abstinência de amor e de etc e coisa e tal era ainda aquele clima pesado onde até rir era proibido. Nas Igrejas os santos eram todos cobertos de pano roxo. E a Procissão do Senhor Morto? Era impressionante, havia até desmaios.

Nunca fui católico, mas minha mãe era muito católica, foi Filha de Maria, e meu pai era Espírita mas respeitava o costume, podia discordar mas respeitava. Eu que nunca professei nenhuma religião via aquele via naquele exagero de tristeza muita forçada de barra e de hipocrisia, alguns de público bancavam os pios, mas por debaixo dos panos... Calá-te boca. Pessoalmente sempre admirei avida de Jesus. Mas nunca gostei de ficar rememorando as torturas que sofreu e nem a sua crucificação. Acho que ficar relembrando isso todos os anos é puro masoquismo.Por isso sempre gostei do Sábado de Aleluia. Da Ressurreição. Acho que é melhor recordar Jesus vivo. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 03/04/2021
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