Porre pascal milenar (5ª republicação)
ALUU PESSOAL! AJUNGILLA?
NÃO VIM NA SEXTA PARA HOJE, SÁBADO, REPUBLICAR PELA QUNTA VEZ ESSE TEXTO AQUI NO RECANTO A PROPÓSITO DA PÁSCOA. GOSTO MUITO DELE, VÊ-SE, EIS QUE DESDE 2017 O REPUBLICO, ATÉ PELO QUE A HISTÓRIA REPRESENTA E NÃO APENAS POR MEU INCOMPARÁVEL E GENIAL TALENTO LITERÁRIO AO ADAPTÁ-LA PARA GÁUDIO DE TUZES. ESPERO QUE QUEM AINDA NÃO LEU TAMBÉM GOSTE E QUE QUEM JÁ LEU NOVAMENTE APRECIE. BOA LEITURA. QUJANAQ e TAKUSS'!
FELIZ PÁSCOA PARA TODOS TUZES.
Boa tarde meus caros 23 fieis leitores e demais 36 de quando em vez. Deixem eu lhes contar uma história antiga, ocorrida há aproximadamente 1988 anos...
Em 11 de abril de 33, sábado pela manhã, estava Pôncio fazendo sua refeição matinal em Jerusalém quando, pela janela, vê os sacerdotes judeus se aproximando.
- Cláudia, veja só.
- Puxa Pôncio, eles de novo.
- Pois é, que malas. E veja que hoje é o dia sagrado do descanso deles, shabat de Páscoa, e nem assim eles me dão uma folga, pelo visto.
- Seria melhor termos ficado em Cesaréia, amor. Perto do mar...
- Cláudia, tu sabes que tenho de estar por aqui na Páscoa deles, de corpo presente e de olho em tudo. Até o Herodes vem pra cá nessa festa.
Entra o pretoriano:
- Governador Pilatos, ...
- Já sei, já sei. Caifás e seu séquito querem falar comigo. Diga que já vou.
Ao entrar na sala onde lhe esperam, contrariado e mau humorado, Pôncio nem dá bom dia e já tasca:
- Vocês de novo!! Puxa vida, já não me incomodaram que chegue essa semana, principalmente ontem? Que é agora? Desembucha, Caifás.
- Governador Pôncio Pilatos, é sobre Jesus, o galileu...
- Ah não, de novo não! Dá um tempo, tenha a santa paciência! De novo o galileu! Já não me encheram o saco que deu ontem, até eu liberar a crucificação dele? Eu já lavei as mãos sobre esse assunto, Caifás, essa bronca é de vocês. Já disse, já disse.
- Governador Pilatos, os discípulos dele podem violar o seu sepulcro a fim de forjar sua ressurreição.
- Haja paciência com vocês! Querem que eu faça o quê? Mande prender o morto?
- Governador Pilatos, na verdade queria que determinasse uma guarda para o túmulo, impedindo sua violação.
- Vejam só, depois somos nós, os romanos, os malvados. Não sei onde César estava com a cabeça ao invadir esse lugar. Eu nem queria matar o galileu, ele não pregava revolta armada contra a gente e não falava contra os impostos. Só fiz isso porque vocês queriam e, para tanto, me chantagearam com a ameaça de iniciar uma revolta de novo. Vocês, judeus, são terríveis. Não basta matar, querem ainda furar os olhos dos caras, gente de vocês mesmo. Então tá, Caifás, vou mandar uma guarda lá para vigiar o túmulo do tal Jesus, mas não quero mais ver a cara de vocês dando nojo por aqui. Sumam da minha frente.
Saem os sacerdotes.
- Pretoriano, mande dois guardas lá para o túmulo do galileu.
- Sim, governador Pilatos.
E assim foi feito.
No domingo pela manhã, está Pôncio numa boa com Cláudia, aproveitando o lado bom da vida, quando um alvoroço na rua lhe chama a atenção. Irritado, para o que está fazendo. É Caifás e sua turma, alvoroçados como nunca, exigindo nova audiência.
- Puxa, mas essa gente não tem nada melhor para fazer - protesta Cláudia, a ver navios judaicos. Eles não oram? Não comem? Não bebem? Não transam!
- Parece que preferem estragar a transa dos outros.
- Pôncio, manda o pretoriano passar todos eles na espada.
- Ah, tu acha que eu já não teria feito isso se pudesse? Mas se eu mandar matar essas imundícies, o povo se revolta, com revolta caem os impostos e César já avisou que com mais um ano de pouca grana a minha cabeça vai rolar, Cláudia.
Pôncio nem se deu ao trabalho de descer, esbravejou da janela mesmo:
- O que que é, bosta? O que foi agora?
- Governador Pôncio Pilatos, Jesus foi retirado do sepulcro! Onde estavam os seus guardas?
- Eu mandei os guardas lá, governador - adiantou-se o pretoriano, à frente da tropa que controlava os judeus.
- Mas que porcaria mesmo! Pretoriano, manda vir os guardas. E desce o cacete nesses bostas, mas não mata.
- Pode deixar comigo, governador - disse o pretoriano, com um sorriso de satisfação no rosto.
Entram na sala de reuniões os dois guardas escalados para o sepulcro.
- Então rapazes, viram que os judeus estão aí fora me enchendo o saco, não é. O que vocês tem pra me dizer?
- Vossa excelência, é algo muito impressionante, nem sabemos como falar.
- Tá, falem logo que eu tô irritado, não me encham o saco com firulas.
- Excelência, governador Pôncio Pilatos, ao final da madrugada, ainda noite, um raio atingiu a pedra que celava a entrada do sepulcro, rachando-a. Um homem de branco, envolto em uma luz ofuscante, apareceu e, em seguida, o galileu saiu andando do túmulo.
- Um raio? Ontem, dia de noite clara, tempo bom, um raio atingiu a pedra?
- Sim, gover...
- Tá, já não chega o Caifás, agora vocês dois estão tirando com a minha cara também?
- Excel...
- Tá, confessem, vocês tomaram um porre e dormiram, não é mesmo? Estou vendo pelo cheiro e pela cara de vocês que foi isso.
- Excelência, sim, nós bebemos, mas foi só um pouco, para esquentar, que estava frio lá.
- Tá, sumam daqui, seus porcarias. Como castigo, vão ficar um mês fazendo ronda a noite inteira no bairro mais barra pesada daqui de Jerusalém, lá onde moram os cupinchas do tal Barrabás. E ái que eu saiba que vocês tomaram um vinho para passar o frio de novo, que taco vocês na cruz!
Saem os guardas.
- Ouviu só essa, pretoriano?
- Sim excelência, essa foi ruim de engolir, mesmo.
- Bom, mas vai ser a história que o Caifás e seus camaradas vão ter de ouvir e aceitar. Foram os guardas que disseram mesmo, vou passar adiante, tô nem aí.
Pôncio chega na janela e fala em alta voz:
- Caifás, o lance é o seguinte: o tal Jesus era mesmo o Filho do teu Deus e o reino dele não é mesmo deste mundo, tanto que um cara de branco chegou lá de madrugada, lançou um raio na pedra que celava o sepulcro e tirou o galileu lá de dentro, que saiu andando. Foi isso. Agora vaza.
- Impossível, isso não é verdade! Teus guaras mentiram, aqueles bêbados.
- Como ousa chamar um governador de César de mentiroso e soldados romanos de bêbados, seu judeu insolente? Pretoriano, senta o porrete nesses caras até eles voltarem para o Templo.
- Pode deixar, governador - assentiu o pretoriano, não cabendo em si de felicidade.
Enquanto isso...
- Viu só o que tu fez?
- Mas o que que eu fiz?
- Se a gente tivesse bebido até cair, pelo menos a gente tinha aproveitado. Tu só quis tomar uns copos para esquentar e a gente se ferrou do mesmo jeito.
- Mas como eu ia saber que ia aparecer o cara de branco lá e tirar o galileu andando do túmulo?
- É, mas quem acredita nisso? Só nós e os seguidores dele! Daqui há um tempo, todo mundo vai esquecer isso, mas a gente é que se ferrou tendo de ir de noite lá pro bairro dos zelotes, por um mês. Vai ser difícil manter a cabeça no pescoço por lá, que os caras são ruis de negócio mesmo.
- Pois é, o pior é que todo mundo vai mesmo esquecer disso daqui um tempo...
PS - Pois ai termina nossa história. Consta nos evangelhos que os guardas ainda lucraram uma grana dos fariseus, talvez até, como Judas, umas trinta moedas de prata, para dizerem por Jerusalém que foram os cristãos que atacaram o sepulcro e roubaram o corpo do Messias. Muitas vezes, a versão vale mais que os fatos.
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Era isso pessoal. Toda sexta, às 17h19min, estarei aqui no RL com uma nova crônica. Abraço a todos.
MAIS TEXTOS em:
http://charkycity.blogspot.com
(Não sei porque eu ainda coloco o link desse blog, eu perdi a senha e não atualizo ele há séculos. Até eu descobrir o motivo pelo qual continuo divulgando esse link, vou mantê-lo. Na dúvida, não ultrapasse, né. Acho que continuarei seguindo o conselho que a Giustina deu num comentário em 23 de outubro de 2013: "23/10/2013 00:18 - Giustina
Oi, Antônio! Como hoje não é mais aquele hoje, acredito que não estejas mais chateado... rsrrs! Quanto ao teu blog, sugiro que continues a divulgá-lo, afinal, numa dessas tu lembras tua senha... Grande abraço".)
CARTA ABERTA aos meus 23 leitores: https://www.recantodasletras.com.br/cartas/3403862
GLOSSÁRIO KALAALLISUT:
Aluu - olá.
Inuugujaq - boa tarde.
Ajuungila - Como estão?
Qujanaq - obrigado.
Takuss' - até mais.