PÁSCOA
PÁSCOA
Andrade Jorge
Páscoa! Doces lembranças da infância/adolescência ali na Rua Abolição, ao lado das linhas da Cia Paulista de Estrada de Ferro, aliás a casa que morávamos era da Paulista, porque meu pai “seo” Didi era ferroviário e o guardião da porteira da passagem de nível, que havia naquele trecho da rua. Mas eu dizia da Páscoa, todos os anos minha santa mãezinha, dona Alice, bem cedinho escondia os ovos de páscoa no jardim, ou nas folhagens das árvores que tínhamos no quintal, e olha que o quintal era enorme. Quando acordávamos, disparávamos pelo quintal afora em busca do nosso tesouro; que alegria! Quando tive meus filhos, levei essa brincadeira pra eles, eles adoravam. Hoje em dia não sei, mas acho que ninguém mais faz isso. A modernidade engole essas brincadeiras sadias.
Mas, ao escrever esse texto, fiquei curioso sobre a origem do ovo de páscoa, e fui pesquisar, encontrei uma informação escrita por Rainer Souza, que é graduado em História:
“Em várias antigas culturas espalhadas no Mediterrâneo, no Leste Europeu e no Oriente, observamos que o uso do ovo como presente era algo bastante comum. Em geral, esse tipo de manifestação acontecia quando os fenômenos naturais anunciavam a chegada da primavera.
Não por acaso, vários desses ovos eram pintados com algumas gravuras que tentavam representar algum tipo de planta ou elemento natural. Em outras situações, o enfeite desse ovo festivo era feito através do cozimento deste junto a alguma erva ou raiz impregnada de algum corante natural. Atravessando a Antiguidade, este costume ainda se manteve vivo entre as populações pagãs que habitavam a Europa durante a Idade Média.
Nesse período, muitos desses povos realizavam rituais de adoração para Ostera, a deusa da Primavera. Em suas representações mais comuns, observamos esta deusa pagã representada na figura de uma mulher que observava um coelho saltitante enquanto segurava um ovo nas mãos. Nesta imagem há a conjunção de três símbolos (a mulher, o ovo e o coelho) que reforçavam o ideal de fertilidade comemorado entre os pagãos. Daí o coelho estar associado ao ovo de páscoa até hoje.
A entrada destes símbolos para o conjunto de festividades cristãs aconteceu com a organização do Concilio de Niceia, em 325 D.C. Neste período, os clérigos tinham a expressa preocupação de ampliar o seu número de fiéis por meio da adaptação de algumas antigas tradições e símbolos religiosos a outros eventos relacionados ao ideário cristão. A partir de então, observaríamos a pintura de vários ovos com imagens de Jesus Cristo e sua mãe, Maria.
No auge do período medieval, nobres e reis de condição mais abastada costumavam comemorar a Páscoa presenteando os seus com o uso de ovos feitos de ouro e cravejados de pedras preciosas. Até que chegássemos ao famoso (e bem mais acessível!) ovo de chocolate, foi necessário o desenvolvimento da culinária e, antes disso, a descoberta do continente americano.
Ao entrarem em contato com os maias e astecas, os espanhóis foram responsáveis pela divulgação desse alimento sagrado no Velho Mundo. Somente duzentos anos mais tarde, os culinaristas franceses tiveram a ideia de fabricar os primeiros ovos de chocolate da História. Depois disso, a energia desse calórico extrato retirado da semente do cacau também reforçou o ideal de renovação sistematicamente difundido nessa época.”
Um pouco de história é bom, mas não podemos esquecer que o sentido da Páscoa vai muito mais além de um mero ovo de chocolate, que serve apenas como alimento muito calorífico. A Páscoa significa o renascimento, a renovação do espírito, pois ninguém pode falar de paz, amor, fraternidade para outras pessoas, se não renovar o seu espírito. Vamos então aproveitar essa passagem, para eliminar todas as pendências negativas, que impedem nosso crescimento espiritual, principalmente nesses dias de turbulência.
Feliz renascimento!