PSEUDO-AMIZADE
Uma verdadeira amizade, deveria ser alicerçada em um compromisso mutuo, de confiança e afinidades.
Já diz o provérbio: parente a gente ganha, amigo, a gente escolhe.
E é por aí mesmo... Esse é o princípio, do início de qualquer relação.
Seja o homem com a mulher, homem com homem, mulher com mulher, não importa os gêneros, o importante mesmo é a afinidade encontrada, para definirmos o conceito da amizade.
Tempos atrás, conheci uma pessoa talentosa, no campo musical.
Um excelente músico e interprete. Logo fizemos amizade.
Meus conhecimentos também nesta área, facilitou bastante, o interesse de ambos, de conversar sobre o assunto. Sou poeta e compositor, com muitas letras de músicas na gaveta, para ainda, pôr melodias e arranjos. Esse amigo que acabei de descrever, a partir de agora, chamarei o de: Nelson. Nelson toca na noite. Como a maioria dos músicos de barzinhos, trabalha a noite e dorme até tarde. Nelson foi divorciado várias vezes e paga pensão de um filho menor de idade. A mãe do garoto não dá refresco, cobra todo mês na data certinha, a pensão do filho. Está certíssima! Pensão de filho (a) não é brincadeira. Tem mesmo que se virar para garantir a ajuda e manutenção do filho (a). Nelson se desdobra entre um showzinho e outro, para garantir esse compromisso. Fizemos várias músicas juntos. Nossas cabeças pensam, musicalmente parecidas. Quando a gente senta para fazer letras, logo as melodia e arranjos, estão florando, para mais uma obra se completar. No nosso acordo musical, Nelson prefere receber em dinheiro, para adicionar melodias e arranjos nas minhas letras, além de interpretá-las. Ao invés de participar como autor, desta forma, abrindo mão dos direitos autorais. Os valores que pago e já paguei por cada música, não é muito, mas, cria uma certa valorização do profissional, que precisa ganhar seu sustento, através do seu trabalho é claro. E assim, fizemos uma penca de músicas de boa qualidade. Admiro bastante o Nelson... A sua garra, coragem e determinação, de viver de música, ainda mais nesses tempos de pandemia. A sua escolha de ser um cinquentão solteiro. A de viver sozinho na sua casa, sempre motivado a criar novas composições.
Isso realmente me causa admiração e me motiva também. Agora vou virar o outro lado da moeda... Aquele lado que a gente como amigo, vai conhecendo aos poucos e logo, tem alguma coisa a criticar, da pessoa que se diz ser seu amigo. É evidente que não podemos ser radical e querer exigir que um amigo seja perfeito...
Isso não existe! A gente tem que saber tolerar a imperfeição do semelhante e vice-versa, se não, nunca faremos amigos né...
Nesses quatro anos de amizade, pude perceber que, o maior defeito do Nelson é, ser pão duro.... rsrsrrsrs as vezes me pego sorrindo, em situações ocorridas. Pequenos detalhes do cotidiano, que não deixa dúvidas da prática da avareza, da demonstração de atitude mesquinha... De viver criticando a comida, que está comendo no restaurante... De reclamar do preço de tudo que consome, até mesmo sem estar pagando nada... fazer o que né... A vantagem é que, Nelson é muito divertido... Gosta de contar piadas, principalmente as que envolve o seu pai. Ele diz que seu pai nunca foi mentiroso, mas brincando, conta vários causos onde o seu pai mente muito e exagera nas histórias contadas. Sou aposentado e acredito ter, uma melhor condição financeira com relação ao Nelson. Por isso que não me importo de pagar as despesas sozinho quando o convido... Essas despesas do tipo barzinho, pizzaria e outras... Às vezes eu ligo e o convido para uma noitada de bebidas ou um passeio na praia. Nelson avisa logo: -Estou duro você vai bancar? E dar um intenso sorriso... fazer o que? Sou eu que estou convidando né... Afinal, é meu amigo! É claro que não vou mentir. ele já pagou a despesa de um almoço e até colocou um dinheiro de combustível no meu carro. Foi um dia, em que lhe fiz um favor, ao levá-lo a um show musical fora do bairro. Lhe servi de motorista e sem ele me pedir, levei meu material de filmagem e gravei sua apresentação. Foi numa pousada e os donos da mesma, elogiaram bastante o seu show musical e a filmagem que foi feita por mim, sem nem mesmo ser contratada, foi oferecida como cortesia, aos contratantes. Moral da história... Gostaram bastante do evento, tanto que, lhe rendeu, mais dois contratos musicais em datas futuras. Fiquei muito feliz em poder ajudá-lo. Confesso que curti bastante o show, mesmo tendo ido, para trabalhar. Isso ocorreu no sábado. No outro dia seguinte como óbvio, foi domingo, liguei para o Nelson fazendo um convite praiano. Fui buscá-lo em casa e partimos para ao destino. Ele pagou o almoço como prometido... Até o refrigerante... Logo a seguir e com o seu violão em punhos, compomos três músicas, acredita?.. Agora que vem a decepção... no outro dia de manhã, recebi um áudio do Nelson no whatsapp dizendo assim: -Pô cara, agora que já passou eu posso lhe falar né, agente é amigo né... eu não acredito que você permitiu eu pôr gasolina no seu carro. Eu não faria isso com um amigo. Eu sei que eu disse, que iria pôr combustível no seu carro mas, você deveria entender né...
Estou desempregado cara, só vivo de música pô. Leva mal não, eu não faria isto com um amigo, jamais. Até porque cara, onde agente foi, não era tão distante... Moral da história. Nelson pôs R$ 50,00 reais de combustível no meu carro. Ele só se esqueceu que durante esse tempo todo de amizade, ele nunca tinha feito isso, mas curtiu bastante comigo em vários eventos anteriores, sem gastar nenhum centavo do bolso. Esqueceu dos vários favores que fiz, que por educação, aqui, nem vou citá-los.
Nelson chegou a consultar sua família por telefone, contando a história em sua versão, para garantir o apoio moral da mesma, ratificando que, eu estaria errado, em ter usufruído da bondade do pseudo-amigo, e lhe ter tomado R$ 50,00 de combustível, mesmo que tenha sido, para lhe prestar um favor. Inadmissível, um amigo não faz essas coisas com o outro...
O que eu posso falar nesse momento? Nem sei o que pensar direito... Já mandei recado para o Nelson; que é só passar aqui em casa ou mandar uma conta ativa, que lhe farei o depósito e ainda em dobro, para extinguir esse constrangimento. Não sei se estou errado em pensar, que ele foi ingrato comigo. Mas é assim que eu me sinto.
Nelson, até agora, não me deu resposta, mas, uma coisa eu posso dizer com um certo aperto no coração... É por esse e por outros exemplos, que eu sou um homem de poucos amigos.
FIM