Os urubus
Normalmente uma visita é sempre bem vinda e quando vai embora você fica com aquela saudade apertada, o espaço vazio fica enorme, a ausência ganha uma presença monstruosa. E, por isso, esperamos muito que a visita volte. Pois há quase um mês, matei o último dos milhares de urubus que escolheram a minha cabeça para fazer de casa de veraneio. Essa é a razão da mina distância nessa tentativa de ser lida por outros.
Por conta da nova moradia dos urubus, não só parei com a escrita como também a minha vida parece ter ganhado uma parte mal contada. Sim, pois certas coisas por mais que os outros nos escutem só e tão somente só nós saberemos o que se passou.
Quanto aos urubus... Esses fizeram uma festa. Para eles não havia o dia, a tarde ou a noite. Se eu necessitava dormir, estudar, trabalhar... Sugaram minha energia de tal forma que ficava difícil saber o porquê de se levantar pela manhã.
Mas lutei. Lutei contra essas visitas intrusas e indesejáveis. E hoje meu mundo voltou a possuir sua cor original: milhares. Meu rosto tem de volta o sorriso. Meus passos estão leves e flutuantes. E na minha cabeça? Nada dos urubus e nem a sombra deles.