B r e q u e
DEVIDO à decepção e nervosismo vou tentar fazer um breque nos escritos envolvendo a política. Não dá para segurar assistir ao naufrágio do Brasil, não só devastado pela pandemia, mas sofrendo um retrocesso democrático. Prefiro indicar que se leia o editorial de hoje do Estadão. Acho que é um jornal sem ligação com a esquerda. Leiam.
Mas vamos à arenga ligth de hoje. Sou um véio, quase caduco. Assumo meu envelhecimento sem nenhum constrangimento.Jamais iria, por exemplo, me fantasiar de jovem. O envelhecimento é irreversível, bem como os achaques impostos pela idade. Assim, tento conviver com o envelhecimento seguindo o conselho de Dom Hélder, envelhecer como envelhecem os bons vinhos, tornando-se melhores, sem azedar, sem virar vinagre.
Fico na minha rede do Ceará (alternativa à cadeira de balanço), divagando e, às vezes, lembro um verso de Calderón de La Barca: "Que é vida? Um frenesi. Que é vida?Uma ilusão, uma sombra, uma ficção,/ e o maior bem é pequeno;/ pois toda a vida é sonho,/ e os sonhos, sonhos são"., Recordo também Malraux: "Uma vida não vale nada, mas nada vale uma vida". Mas balançando devagarinho na rede(para não ficar tonto) acho que Chaplin foi ainda mais feliz quando mandou ver: "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios.Por isso cante, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça acabe sem aplausos". O danado é que ainda fico com Gibran: "A vida pode de fato ser escuridão se não houver vontade, mas a vontade é cega se nao houver sabedoria, a sabedoria é vã se não houver trabalho e o trabalho é vazio se não houver amor". BINGO. Inté.