NADA SAI (BVIW)

 
Aos oito anos de idade escrevi: O lápis sobe e desce na minha mão, em vão. Nada sai de dentro do lápis, nada sai de dentro de mim. Lembro que estava triste, o motivo não recordo, e tentava escrever uma redação sem êxito. Essas palavras me acompanharam por longas datas. Na ocasião nem me dei conta da profundidade do escrito. Bem mais tarde tive noção do teor filosófico inserido naquelas palavras em tenra idade.

Tivesse mostrado para alguma professora, talvez uma delas me estimulasse a escrever mais, mas não. Preferi deixar registrado nas últimas folhas do caderno xadrez vermelho e preto. Tímida, e sem entendimento da alma lírica, fui cada vez mais ocultando minhas ideias. Tinha vergonha que rissem delas. Conforme ia crescendo no físico e na mentalidade, a timidez  diminuía, dando lugar a uma jovem mais livre em conceitos, já não importando com as críticas das pessoas. Fiquei até bem animada, e comecei a escrever mensagens de aniversário, Natal, gratidão e amizade para os amigos,

A vida não descansa, e aqui estou, não mais na primavera dos anos, e sim no outono da vida. Senti, outro dia, a criatividade em baixa, e protestei com a minha inspiração: - Quando você não vem, os pássaros não cantam nem o vento assobia. Dentro em mim marasmo, tudo silencia.

Feliz em saber, que a menina de ontem, continua a brincar no meu pensamento.





Tema proposto: Pensei, mas não veio nada.