Algumas questões (uma nem deveria ser abordada) sobre reserva e respaldo

O comentarista de Economia respondia às perguntas de telespectadores e uma delas se referia o porquê do Brasil não fazer uso de suas reservas internacionais, hoje na casa de 340 ‘bilhões’ de dólares, para fazer frente à pandemia do Covid-19.

Explicava que essa reserva é uma espécie de seguro para o país garantir suas obrigações no exterior como dívidas, choque de natureza externa (crise cambial). - “Para comprar vacinas, por exemplo, pode. Mas aí terá que ter o respaldo...”.

Alguém bateu palmas em frente ao portão. Era um mendigo pedindo uns trocados para completar a passagem para sua cidade de origem. Disse a ele que se não fosse para comprar bebida alcóolica, tinha meu respaldo. Diante da negativa enfática (nada convincente) dei meus poucos trocados na reserva. Percebi que ele ficou alguns segundos à espera do meu respaldo. Voltei à TV e a entrevista tinha acabado. Fiquei sem saber (tal qual minha visita) o que seria o tal respaldo.

Um empresário resolveu promover uma festa para os amigos mais chegados. Todos do sexo masculino. Procurou a dona do bordel no intuito de contratar algumas moças para animar o ambiente.

- Tenho algumas na reserva. Mas quero respaldo.

O negócio foi fechado. Sobre a ‘reserva’ até que entendi. Respaldo só poderia ser pagamento antecipado.

O pequeno e semianalfabeto comerciante tentou empréstimo junto a uma instituição bancária e o gerente foi seco: - Se tiver respaldo (avalista) tenho uma pequena reserva (dinheiro). O cliente foi procurar (no dicionário) o respaldo.

E para embaralhar esse ‘jogo’ de palavras, lembramos que em 1970 a seleção brasileira de futebol tinha respaldo e uma boa reserva. Conquistou o Tri. Em outras Copas, quando tinha respaldo, não tinha reservas. E vice-versa.

Dou-me o direito de lembrar a alguns políticos que não basta o respaldo (das urnas). Tem que haver reserva nos atos e palavras.