Detalhes
A casinha foi construída com restos de madeira de uma antiga igreja, que foi desmanchada para uma reforma. Toda a madeira, foi aproveitada, assim como a telha de barro feita na olaria. Ficou simples, mas bem feita. Lá guardamos todo tipo de ferramentas e um pilão, usado para preparar colorau. Junto dele, um moinho pequeno, foi fixado numa mesa de madeira. Quantas paçocas e cafés foi moído ali! Ao lado da casinha, o forno de barro estava sempre pronto para assar um delicioso pão caseiro ou um bolo de fubá, por exemplo.
— O café do pote acabou. Precisa moer mais! — dizia vovó, logo pela manhã.
Havia outro pote, esse maior, com os grãos para moer. Durante alguns minutos, eu ficava lá, muitas vezes sozinho, moendo o café. Como era prazeroso fazer aquilo! Era uma satisfação imensa ver o pote ir para a dispensa cheio de café.
Pequenos detalhes, aparentemente, sem muita importância, mas que marcaram muito uma fase da minha vida. Lembra da mesa de madeira, que o moinho foi fixado? Ela também servia para colocar uma bacia com água quente, nos dias em que a galinha do quintal, seria o prato principal.
Como gostaria que todos valorizassem esses detalhes da vida. Todo mundo deveria ter no quintal, uma casinha simples, para guardar esses objetos tão valiosos e que ficam para sempre, em nossas lembranças.
Infelizmente, hoje, a maioria dos quintais são enormes, contudo, não sobra espaço para um moinho e um pilão, tão pouco, para o forno de barro. Estamos acostumados a comer tudo que já vem pronto. E assim, nunca vamos descobrir o valor dos detalhes simples da vida.