Há uma dor peculiar em existir. Em observar mundos e fundos. Pensamentos e afetos. Uns tão palpáveis, outros tão etéreos... O espetáculo diário do cotidiano. A porta rangendo ao abrir. A chave trancando a porta. O vento sussurando poesias insólitas e, o tempo passando em sua marcha inexorável. A consciência enviando sinais, como se fosse um sonar, nos localizando e percebendo os arredores. As contundências, as asperezas e, o pior, os paradoxos insondáveis... alguns, sabemos, se dissiparão, outros conhecerão profundamente a eternidade. Ciclos permeiam as vidas da fauna e da flora. E como mais um animal do planeta, estamos acuados, naufragando num oceanos de medos e decepções. Envelhecer significa acrescentar um dejà-vu nas lentes que enxergam o mundo e sua dinâmica... tudo é tão previsível e clichê... as piadas, as bizarrices e, principalmente, as personalidades reincidentes que circulam feito elétrons a procura de serem íons... No momento, o show da vida está em recesso. Há mortes, expectativas e frustrações. Mas, tudo passa, até as tragédias gregas com suas mensagens éticas e, o acenar com novo tempo. A única coisa que reconforta é constatar que restará o aprendizado. Pena, que nem todos estão atentos à lição.