TG 0163 - LONDRINA - PR

Fui da turma de 1972, meus sargentos Weber, Baganha e Raul, este último notório, deixou saudades, os outros dois foram apenas sargentos, me vingo deles não fazendo outros comentários (rs).

Alguns que fizeram Tiro de Guerra (TG) são contra esta obrigação, eu acho que todos os garotos deveriam fazer, para mim fui um ritual de passagem, entrei garoto e sai homem.

As instruções começavam as 6 horas da manhã de segunda a sexta, se atrasasse tínhamos que pedir licença para entrar, e com certeza estaríamos na escala da guarda de plantão noturna. Eram raríssimos os atrasos.

Sábados tínhamos instruções de campo, aprendíamos a medir distancia para tiro, a manejar os velhos fuzis tipoe 1908 e atirar com os mesmos.

Aprendemos a cantar o Hino Nacional, da Bandeira, e da Infantaria. Ai! Se nos pegassem apenas movendo a boca sem emitir o som, ...escala de plantão noturna.

Um dia estava viajando na aula de educação cívica, o sargento Raul notou a minha distração, me chamou, eu tive que responder de imediato ficando de pé, ele disse, com o dedo indicador apontado para frente e o polegar para cima balançando pra cá e pra lá, "Franco você está com cara de que quem quando criança comeu bosta ou veneno, Veneno mata". Assentei pouso de imediato da minha viagem.

Os dias de inspeção eram aterrorizantes, inspecionava se tínhamos feito a barba recentemente, passando algodão nas nossas faces, se o coturno estava engraxado, e o cabelo cortado a milico, que hoje é moda. Algo em desacordo, entravámos para a escala de plantão noturno.

Participamos das Olimpíadas dos TG do Paraná e Santa Catarina em Brusque-SC. No ano anterior, o TG de Londrina tinha ganhado de lavada, então este ano éramos a equipe a ser batida. Tudo que podia ser feito para nos prejudicar foi feito. Mudanças de horários e locais para competir eram nos avisados em cima da hora. Chegávamos no local sem tempo de se ambientar e de aquecimento. A torcida toda contra, da cidade e dos outros TG.

Descobri que na seleção dos convocados sempre tinha alguém que conhecia os atletas estudantis de Londrina, na natação, no atletismo, no futebol, estes não escapavam. Tínhamos entre nós recordistas dos jogos estudantis do Paraná. No desfile de abertura, sargento Raul ordenou os quem tivesse medalhas pendurassem no peito para impressionar os adversários. Vários medalhistas, de salto de distância (Batista), de 100 (Santana) e 800 (Laercio) metros no atletismo, natação (Takeda) e alguns futebolistas, Paringer, Carlos Alberto Costa que era profissional, Alvim, Fernando, Lobão.

Fomos para cerimônia de encerramento sem saber quem foi o campeão, podia ser Maringá ou a cidade local. Engano, foi o TG 0163 novamente.

Muita alegria contida nesta hora, não podíamos nos manifestar como acontece em vitórias inesperadas.

Fui da equipe de natação éramos 4, um de nos, o Nissei Takeda foi recordista da América do Sul, deixamos a segunda equipe mais de uma piscina para trás no revezamento 4 x 50 com obstáculos.

Um vez, a nossa equipe de futebol de salão foi convidada para fazer um jogo preliminar com a seleção "B" de futebol de salão de Londrina, o time reserva, o titular jogaria em seguida, nosso time, Paringer, Fernandinho, Alvim, e Carlos Alberto Costa, não tínhamos goleiro, a Seleção nos emprestou. O TG 0163 deu um Show, resultado 3 x2 para nós, com o goleiro emprestado levando dois frangos.

O meu irmão Rui, que tinha o mesmo nome de guerra meu, Franco, fez o TG 0163 de Londrina sete anos antes, quase teve que fazer de novo, devido a muitas faltas. Foi um sofrimento para conseguir se livrar de uma nova convocação. Fiquei traumatizado com isso, apesar de ter sido bom para mim era sacrificante, acordar todos os dias as 5 ir para o TG depois para o último ano no Ipolon. As vezes sonho que tive que repetir o meu ano de TG, procuro os Sargentos e pergunto, "o que fiz de errado para ter repetido? Aí acordo, aliviado por ter sido apenas um sonho ou pesadelo.