o senhor do meu lado.
eis aqui uma mistura de reacionária com esquerda. aliás, ultimamente ando meio apolítica (pausa pra dizer que esse texto foi escrito em 2016 e não estou nada apolítica atualmente) e, sinceramente, é bem melhor assim. sem rótulos. mas frases como 'bandido bom é bandido morto' não me descem. assim como não concordo totalmente com a amiga que é a favor da abolição do sistema penal.
quando estava indo pra Itacaré, ali no litoral da Bahia, um senhor sentou ao meu lado. fazia parte da aventura fazer 96km em 4 horas, então vamos prestar atenção às coisas. só que aquelas mãos me chamariam atenção mesmo se eu tivesse apenas 20 segundos. eram mãos de trabalhador. mãos de nordestino trabalhador. mãos de nordestino negro trabalhador. de quem enfrenta seca, calor, pobreza. e eu me perguntei se ele também não era vítima da sociedade. e se, além de vítima da sociedade, ele não era também talvez uma vítima do clima, da região, da terra, sei lá. mas ao invés de estar barbarizando por aí batendo no peito dizendo que não teve oportunidades, ele estava ali sentado ao meu lado, suado, roupas humildes, perguntando às pessoas se elas não queriam sentar no lugar dele.
ele não sabe, mas foi um prazer imenso estar ao seu lado. não há meritocracia, mas também ninguém é apenas fruto apenas do meio.
não é.
eis aqui uma mistura de reacionária com esquerda. aliás, ultimamente ando meio apolítica (pausa pra dizer que esse texto foi escrito em 2016 e não estou nada apolítica atualmente) e, sinceramente, é bem melhor assim. sem rótulos. mas frases como 'bandido bom é bandido morto' não me descem. assim como não concordo totalmente com a amiga que é a favor da abolição do sistema penal.
quando estava indo pra Itacaré, ali no litoral da Bahia, um senhor sentou ao meu lado. fazia parte da aventura fazer 96km em 4 horas, então vamos prestar atenção às coisas. só que aquelas mãos me chamariam atenção mesmo se eu tivesse apenas 20 segundos. eram mãos de trabalhador. mãos de nordestino trabalhador. mãos de nordestino negro trabalhador. de quem enfrenta seca, calor, pobreza. e eu me perguntei se ele também não era vítima da sociedade. e se, além de vítima da sociedade, ele não era também talvez uma vítima do clima, da região, da terra, sei lá. mas ao invés de estar barbarizando por aí batendo no peito dizendo que não teve oportunidades, ele estava ali sentado ao meu lado, suado, roupas humildes, perguntando às pessoas se elas não queriam sentar no lugar dele.
ele não sabe, mas foi um prazer imenso estar ao seu lado. não há meritocracia, mas também ninguém é apenas fruto apenas do meio.
não é.