CASAS TRISTES

Casas tristes são iguais às pessoas, demonstram isso na força de sua aparência desnorteada. Suas janelas e portas são sujas e cinzentas, as paredes descoradas como se apodrecendo, já o telhado exibe telhas quebradas parecendo dentes cariados na boca de um pobre banguela. Elas também choram no silêncio de seus dias, mágoa que se espalha através da brisa sem possibilidades, somente a inutilidade do vazio, a rua parada, sem ritmo e sem amanhã. Casas tristes não têm cadeiras na calçada nem risos de crianças, estão mortas e secas tal qual o ventre das estéreis.

Em muitos lugares são vistas, destoam da paisagem, são um completo desalento, provocam um banho de tristeza em quantos ousem visitá-las. Seus moradores têm a aparência turva de olhos apagados pela borracha implacável da desesperança. A alegria por entre as casas lúgubres é passageira, mero sopro morno da brisa apressada.

O tempo castiga as tais casinhas entristecidas com o desprezo da cor cinza, os pássaros desaparecem sem nenhum motivo, os jardins acabrunham sem atrair borboletas, inexiste o sussurro de flores desabrochando. Porque o ambiente triste exala lágrimas, e estas não regam semeaduras contentes.

Há solução para alegrar as casas tristes? Conquanto seja apenas sonho e anelos subjetivos, torçamos que sim, pois quem suporta o longo dos anos sem sorrir?

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 25/03/2021
Reeditado em 04/04/2024
Código do texto: T7215545
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