Praia do Cumbuco - Ceará
Egoísmo forçado
Alguns textos que, para estes, não existe categoria, dizer que é uma crônica, uma mensagem, uma carta, ou será que como sempre digo; Tudo em nossas vidas, é poesia... Poesia de amor, poesia de protesto, poesia do cotidiano, sem rima, poesia sobre a distância ou sobre tudo o que mexe com os sentimentos, de tudo o que foi deixado para trás, ano após ano... Sentindo tantas frustrações, em não poder estar perto, não poder dar um abraço em meu irmão, para consolar as nossas próprias perdas e a nossa propria dor, acho ôca, todas as palavras à distância, por mais que nelas coloquemos a nossa alma, um telefonema, e as palavras não substitui o afago, o calor humano, não tem a força do olho no olho para sentir a necessidade do outro, quando se tem tanto amor, quando se quer ajudar a enxugar as lágrimas do outro.
Um passeio sem pressa, caminhando pelos bosques do passado, sentindo a alma do tempo como se todo tempo do mundo eu tivesse, reconhecendo que o tempo é quase nada... Revendo situações que me alegram outras que me entristece, sem me deixar ficar presa a coisas que consegui vencer, coisas que escancarei, outras coisas nunca pude dizer, não por medo, não por guardar segredo, mas quis esquecê-las para sempre, deixá-las em algum lugar onde não tivesse que remexê-las para não voltar à sofrer.
Fazendo um retorno àqueles velhos caminhos me vi como um aflito figurante que nunca quis ser protagonista, eu sei que uma prosa não pede rimas, mas a minha poesia tracei do meu jeito, assim como só sempre fiz o meu caminho. Recordo que sem tempo para escrever, eu sentia, e guardava tantas luas, tantos ais e tanta poesia gritante, tantos gritos loucos de aflição, sufocados e que não eram nada poéticos, era a vida real, e que ficaram tão distante.
Guardei tantos pincéis, tantas linhas, tantas cores, e tanta arte nos meus dedos, tantos dramas, sem nunca ter sido artista. Agora nesse instante, em um canto, quieta em silêncio e sobre alguns pontos refletindo, percebo a minha maneira de me proteger do mundo lá fora de um jeito corajoso, não por me alienar, mas para de certa forma sobreviver, percebo com tristeza que esse egoísmo forçado, essa falsa inconsciência causa-me uma angústia camuflada de tantas outras coisas, como a negação à dor que se tornou banal, e a alma dormente sofre, mas sorri como se a vida não estivesse passando por um processo anormal. Volto a mim, e sei que de tudo o que julguei ter aprendido, de nada hoje eu sei, me sinto uma criança sem colo, sem mãe por perto, sem irmão, ah meu Deus que mundo é este de tanto sofrimento, cada um em seu próprio deserto. E, para meu consolo apesar de tudo, continuo acreditando no amor, de todas as maneiras que a minha alma aprendeu a amar, entre acertos e tantos erros meus, a minha maior felicidade é a liberdade de poder caminhar, que seja em pensamentos.