Sem vergonha de ser feliz
O relacionamento contemporâneo on-line tem muito disso da exposição, onde o exibicionista se despe perante a tela do seu lap top ou celular para mandar caras e bocas e os tão desejados nudes. Assim como o adepto do voyeurismo que bate cartão nas salas de bate papo para caçar sua presa ou se conectar por meio de uma ligação com camera ou via Whatsapp para receber cantadas picantes e depois só observar.
Existem "os outros" que não se exibem, nem mesmo curtem comer com os olhos. Procuram se preservar. São discretos, cautelosos, muitas vezes receosos porque nunca se sabe quando o Big Brother, ou um hacker, vai atacar e roubar a intimidade virtual e seus segredos mais cabeludos escondidos na memória do computador. Cuidado com "os outros" que são ousados e manipuladores. Não são inocentes. Mas quem está em busca de santo?
Tem "aqueles outros" que adoram ouvir tudo aquilo que a voz tem a dizer e transmitir, seja em palavras ou sons. Seja uma canção sexy do Barry White, um poema sensual do Vinicius de Moraes, gemidos, suspiros ... até mesmo algum desenho erótico do artista pornô-naif Carlos Zéfiro que estimula o libido na hora de interagir on-line.
Não há silêncio. Não tem como segurar o fôlego e os gemidos. A respiração é nitidamente ofegante e quem está do outro lado corresponde como bem entender.
As palavras hipnotizam e revelam muito daquilo quê sentimos e somos. A pele interage com as palavras e os sons, fazendo os pêlos arrepiarem. A conversa vira pura sedução. O corpo, nem a voz, conseguem disfarçar o tesão.
O visual é essencial para alguns. Para outros nem tanto. O importante é saber se expressar e ser receptivo às mensagens transmitidas e corresponder. O fluir da conversa, a troca de carinhos. Reciprocidade, meu caro Watson. Sempre.
O século XXI veio com tudo, atirando alta tecnologia para todos os lados, invadindo todos os cantos e orifícios sem pudores.
Namorar on-line virou passatempo nessa pandemia de tantas privações. Não é nenhum bicho de sete cabeças se houver esforços para desenvolver o performance. A prática só deixa tudo cada vez melhor. Tempo não é problema.
Da paquera para o sexo virtual é um pulo, se houver química e cumplicidade. Melhor ainda, com um toque de magia. Por que não desbravar esse admirável mundo ousado que desperta nossos sentidos? Aprender a dominar o mundo do prazer com tecnologia nessa melhor idade? Por que não!