A greve de sexo contra o genocida Bolsonaro
“Lisístrata: a greve de sexo” é uma peça teatral cômica de Aristófanes. Escritor e dramaturgo que viveu em Atenas na Grécia Antiga (séc. V ao IV a. C.). Nesta comédia teatral o autor procura da voz a sua heroína Lisístrata que convoca todas as mulheres de Atenas para uma greve de sexo. Nessa peça ficcional em que as mulheres cansadas das aflições da guerra e sem poder político para decidir sobre o seu fim reúnem-se, em assembleia, e tomam a decisão em não mais se deitarem com seus maridos, negando-lhes sexo, forçando-os a assinarem um tratado de paz. A ficção criada num contexto de uma guerra que de fato existiu. A guerra do Peloponeso, na Antiga Grécia. Lisístrata a heroína pacifista e comandante dessa revolta feminina propõe uma façanha política: “oh, irmãs de solidão e sofrimento, para obrigar nossos maridos a fazerem a paz, devemos todas nos abster... vocês terão que se abster daquela pequena parte do homem que mais classifica como tal (o pênis). Devemos apenas ficar em casa, vestidas e arrumadas o melhor que soubermos, de preferência usando uma túnica transparente que nos deixe quase nuas, mostrando nosso delta (a vulva) irresistivelmente depilada. Mas quando os maridos apontarem pra nós a agressiva insolência dos seus desejos, nós nos retiramos deixando-os sozinhos no campo de batalha, de armas na mão, sem saber o fazer com elas”. Em mais uma passagem cômica sobre a heroína Lisístrata, desta peça teatral, entendemos toda a seriedade desta ficção feminista. O poder que o corpo da mulher exerce sobre os homens e como estas mulheres conscientes de tal poder podem tirar proveito dele. Olha o que diz, mais uma vez, a heroína Lisístrata: “me farei provocante, usando minha túnica mais leve... pra que meu homem se queime no fogo do desejo... mas jamais me entregarei a ele voluntariamente... e, se, abusando da minha fraqueza de mulher, quiser me violentar... serei fria como gelo, não moverei um músculo do corpo... nem mostrarei ao teto a sola das minhas sandálias...(posição sexual da época) nem ajudarei me botando de quatro como as leoas dos relevos assírios (outra posição sexual)... não cederemos. Só se aceitarem a paz sem restrições. Aí sim, alegremente lhes abriremos as nossas... portas”. A proposta da heroína Lisístrata é que todas as mulheres deveriam provocar eroticamente os homens, mas sem ceder aos seus desejos e aos desejos deles de forma incondicional até que a paz reine entre as cidades. O uso do poder que o corpo feminino tem de seduzir os homens e subjugá-los continua sendo uma narrativa pertinente que vai além da sua ficção satírica e cômica. A leitura de Lisístrata – do dramaturgo Aristófanes – continua sendo atualíssima para se pensar a temática do corpo e desejo, numa perspectiva política e cultural. Eu fico imaginando uma peça política teatral contemporânea no Brasil, onde as “Lisístratas” de homens que apoiam Bolsonaro pudessem fazer greve de sexo para que possamos apressar a retirada deste genocida da presidência do país. Elas seriam minhas HEROÍNAS. Eu sei, a ficção está distante da realidade. Têm muitas mulheres que apoiam o genocida. Uma pena.